
USF-AN defende: grávidas seguidas por equipas de saúde familiar
Em reação à proposta de que as grávidas de baixo risco passem a ser seguidas por Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstétrica (EESMO), a USF-AN defende que a referência do acompanhamento deve manter-se nas equipas de saúde familiar, que incluem o médico de família, o enfermeiro de família e o secretário clínico.
Num comunicado divulgado, a associação sublinha que estas equipas “conhecem a pessoa e a família ao longo do tempo”, o que é particularmente relevante “num período tão crítico como a gravidez”.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) estabelece que as gravidezes de baixo risco devem ser acompanhadas nos Cuidados de Saúde Primários, desde a pré-conceção até ao puerpério. A USF-AN reitera este princípio e alerta para o perigo de “soluções avulsas que fragmentem o cuidado”, defendendo uma abordagem integrada e de continuidade.
Segundo a associação, manter a Equipa de Saúde Familiar como núcleo de referência “assegura governação clínica, equidade no acesso, longitudinalidade e previsibilidade”, além de permitir “responsabilização e monitorização contínua da qualidade e segurança dos cuidados”.
A USF-AN recorda ainda que estudos internacionais associam a relação prolongada entre uma família e a sua equipa de saúde a menor mortalidade, menos urgências evitáveis, internamentos desnecessários e maior satisfação dos utentes.
A associação apela à atualização das normas da DGS sobre o acompanhamento de grupos de risco e populações vulneráveis, de forma a clarificar as funções e responsabilidades de cada elemento da equipa de saúde familiar, bem como os percursos entre cuidados de saúde primários e hospitalares, nomeadamente nas áreas de obstetrícia e pediatria.
A USF-AN propõe também que se adotem regras dinâmicas para ajustar as listas de utentes consoante os recursos disponíveis e que qualquer nova medida seja implementada de forma faseada e avaliada quanto à custo-efetividade.
“O foco do debate não deve ser ‘quem substitui quem’, mas como garantir que todas as famílias têm uma equipa de saúde que as acompanha de forma contínua”, conclui a associação, sublinhando que a continuidade de cuidados “é um investimento comprovado em resultados clínicos e confiança”.
LUSA/SO
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