
Produtos com rótulo ecológico são mais baratos mas difíceis de encontrar
Os produtos com rótulo ecológico são mais baratos, mas difíceis de encontrar, sobretudo em países do sul da Europa como Grécia ou Portugal, indica um estudo publicado esta quinta-feira.
Os investigadores verificaram os supermercados em 13 países europeus, incluindo Portugal, para avaliar a disponibilidade e o preço dos produtos com o Rótulo Ecológico da UE e três rótulos nacionais e regionais equivalentes.
O Rótulo Ecológico Europeu é um selo voluntário de sustentabilidade para produtos e serviços não alimentares, gerido pela Comissão Europeia e pelos Estados membros.
Foi criado em 1992 e estabelece requisitos ambientais e de saúde em todas as fases do ciclo de vida do produto, desde a conceção e fabrico até à utilização, reciclagem e eliminação.
O relatório, publicado pela Organização Europeia do Consumidor (BEUC, que junta 44 organizações independentes de consumidores de 31 países) e pelo Gabinete Europeu do Ambiente (EEB, uma rede de cerca de 180 organizações ambientalistas em mais de 40 países), conclui que na maioria dos países os produtos com o rótulo são em média 09% a 27% mais baratos do que os similares convencionais.
Os investigadores descobriram também que o acesso a produtos com rótulo ecológico varia bastante entre países.
Na Dinamarca 80% dos produtos têm selo ecológico, mas no Chipre e na Grécia são só 2%, dizem os autores do estudo.
Em Portugal, a percentagem não foi além dos 17% nos três supermercados analisados.
Os consumidores portugueses, indica o documento, podem encontrar rótulos ecológicos fiáveis se os procurarem e esses produtos são mais baratos. O grupo Auchan destacou-se pela positiva, com oferta em todas as categorias exceto loções corporais.
Segundo Miriam Thiemann, responsável pelo Consumo Sustentável da EEB e da BEUC, os supermercados “desempenham um papel fundamental para garantir que os produtos com o selo ecológico estão disponíveis, visíveis e acessíveis aos consumidores”, pelo que é tempo de os retalhistas “se mobilizarem e tornarem a escolha sustentável a escolha mais fácil em toda a Europa.”
Os autores do estudo destacam que os consumidores desejam comprar de forma sustentável, mas enfrentam obstáculos significativos.
O “greenwashing” desenfreado – a propaganda ecológica enganosa praticada pelas empresas – confunde os consumidores e diminui a sua confiança nas alegações ecológicas.
E acrescentam: Três em cada quatro produtos no mercado da União Europeia ostentam uma alegação ecológica, mas mais de metade são enganosas, infundadas ou imprecisas, de acordo com a Comissão Europeia.
O relatório surge numa altura em que se debate o futuro da Diretiva Alegações Ecológicas — uma lei criada para combater o “greenwashing”, estabelecendo regras rigorosas para que as empresas comprovem e comuniquem as suas alegações ambientais.
As duas organizações notam que as negociações estagnaram, pondo em risco dois anos de progresso e alimentando preocupações de que a lei possa ser abolida.
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