
Raimundo classifica transferência de competências como “crime político”
O secretário-geral do PCP classificou hoje a transferência de competências para os municípios, em particular na área da saúde, como “crime político”, defendendo que a responsabilidade pelo SNS deve ser do Estado e não das autarquias.
Num discurso no final de uma passagem pela vila de Arraiolos, Évora, num almoço comício, Paulo Raimundo elogiou o trabalho dos autarcas da CDU em Arraiolos, salientando que enfrentaram, “olhos nos olhos, esse crime político que foi a transferência de competências”, processo iniciado em 2018.
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Segundo indicou a presidente da Câmara, Sílvia Pinto, metade da população de Arraiolos não tem médico de família.
Foi uma “transferência de dores de cabeça sem os medicamentos que eram necessários para as autarquias”, comparou, criticando em particular a transferência de competências na área da saúde, que fez com que os municípios passassem a ter incumbências de gestão e construção de unidades de cuidados de saúde primários.
Paulo Raimundo defendeu que “a única possibilidade de garantir, de forma democrática, a todos, o Serviço Nacional de Saúde (SNS), é a partir da responsabilidade do Estado e não sacudi-la, como se fosse um pacote qualquer, para as autarquias”.
“A responsabilidade do SNS é, e só pode ser, do Estado, porque só o Estado está em condições de garantir os mesmos meios, os mesmos cuidados, os mesmos médicos e enfermeiros que fazem falta em todo o território nacional, no litoral, no interior, no Alentejo ou no Minho”, afirmou, assegurando que Arraiolos “não vai abdicar desse caminho, dessa reivindicação e da mobilização das populações”.
O secretário-geral do PCP abordou ainda a questão dos atuais presidentes de câmara que não se podem recandidatar nestas eleições autárquicas por terem atingido o limite constitucional de três mandatos consecutivos.
No caso da CDU, que gere 19 concelhos, há 11 autarcas nessa situação, designadamente em Arraiolos, onde a atual presidente da Câmara Municipal, Sílvia Pinto, não se pode recandidatar, sendo substituída na candidatura pelo seu “vice”, Jorge Macau.
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Discursando depois de Sílvia Pinto e Jorge Macau, e perante umas centenas de apoiantes da CDU, Paulo Raimundo salientou que a coligação está “muito tranquila” com as alterações de cabeças de lista nas suas autarquias.
“Aqui na CDU, cada um é como cada qual. Cada um tem o seu feitio, a sua forma de estar, até tem o seu clube de futebol que prefere. Somos todos diferentes uns dos outros, mas temos uma coisa em que somos todos iguais: nos princípios, no objetivo e no compromisso com a população”, referiu, salientando que não é a primeira vez que a CDU “muda de rostos” nos seus concelhos.
“E podemos dizer com muito orgulho que mudaram os protagonistas, mudaram os primeiros rostos, mas a obra, o projeto a construção com e para as populações não mudou. Pelo contrário, intensificou-se”, disse.
Antes deste comício, Paulo Raimundo fez, de manhã, um passeio por Arraiolos, a única câmara no distrito de Évora que foi sempre gerida pelos comunistas desde 1976.
Questionado sobre qual é a meta eleitoral da CDU neste distrito, Paulo Raimundo considerou que estão “várias autarquias em disputa” e frisou que o principal adversário da coligação nesta região é o PS.
“Nós temos todas as condições para reforçar a nossa votação aqui em Arraiolos, para ir mais longe ainda, e para manter, em condições de poder trabalhar, a autarquia de Évora”, disse, considerando que, no último mandato, o trabalho da CDU em Évora foi “profundamente prejudicado” pelo PS.
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