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Espelho quebrado

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Há coisas difíceis de entender. Não me entra na cabeça qualquer das explicações que são dadas para o problema das listas de espera nos hospitais. Como se sabe, é uma questão que se arrasta no tempo, que salta de Governo para Governo e que parece não ter fim à vista, apesar dos milhões e milhões anualmente despejados no Serviço Nacional de Saúde.

Tenho dificuldade em perceber a dimensão que o assunto assume, sobretudo, porque se reveste de impactos diferentes, consoante olhamos para o Sul ou para o Norte de Portugal. É um país partido ao meio, duas metades que não se reflectem no espelho. De um lado , queixas em catadupa, por causa de esperas que chegam a ultrapassar dezenas de horas; do outro, um território de onde são , comparativamente, escassas as notícias de deficiências graves nos prazos de atendimento.

A primeira conclusão, fácil, seria que as pessoas do Norte devem ser mais inteligentes do que as do Sul. Ou, pelo menos, mais espertas. Que outra explicação descortinar para justificar que os exemplos nortenhos não sejam seguidos , à medida que se caminha do Mondego para baixo? Sucedem-se os ministros, os secretários de Estado, os dirigentes das ARS, os administradores dos agrupamentos hospitalares, os directores das unidades, mas as dificuldades subsistem, mais intransponíveis do que bactérias ultraresistentes aos  antibióticos mais avançados. Os argumentos para que a situação tenha adquirido raízes esbarram uns nos outros e as desculpas atropelam-se. Os portugueses assistem, impotentes, como ratinhos presos numa roda, ao que se passa, sujeitos aos jogos dos lobbies que pululam na Saúde e que movimentam milhões de euros. Corporações (médicos e enfermeiros incluídos), fornecedores de serviços, fabricantes de equipamentos, farmacêuticas, seguradoras, políticos, operadores privados, a teia é de tal modo intrincada que consome a energia de qualquer um que pretenda por ordem na casa.

Acho que o problema maior é a falta de coragem. Coragem para dar um murro na mesa, para enfrentar os interesses variados e para mexer, com racionalidade e sem medo, de alto a baixo. Insistir apenas no que há, no meio de discursos inchados de promessas, não passa de uma forma de empurrar com a barriga. Para se perder a gordura é preciso dieta, exercício dirigido e força de vontade. Quem passou, o+u passa, por um processo desses sabe que é assim. Não basta querer ou dizer que se quer.

Fonte: Lifestyle Sapo

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