
Sentimo-nos esgotados. Que fatores mais comprometem a saúde mental dos portugueses?
Mais de metade dos portugueses sentem-se esgotados. É o que revela um estudo feito em 23 países. Mais de um terço da população portuguesa admite problemas de saúde mental, mas só 3% recorre a terapia.
É caso para dizer que os portugueses não estão bem?
Pelo menos, é caso para dizer que muitos portugueses estão a sofrer sem pedir ajuda e estes dados são um sinal de alerta.
O mais preocupante é que a maioria dos inquiridos reconhece que tem problemas, mas hesita na procura de apoio. Seja por causa dos custos das consultas, do estigma social e da desconfiança quanto à eficácia da ajuda.
Quais são os fatores que mais comprometem a saúde mental dos portugueses?
São, sobretudo, três fatores: 32% preocupações financeiras; 26% stress no trabalho; 10% solidão. E, neste caso da solidão, os mais afetados são as pessoas com mais de 70 anos e os jovens entre os 18 e os 24 anos.
Como assim, jovens até aos 24 anos?
Porque é uma fase da vida marcada por mudanças profundas: a saída de casa, a entrada no ensino superior e, depois, no mercado de trabalho.
O que leva muitos jovens a enfrentar a pressão de serem bem-sucedidos. Se isso não acontece, instala-se o sentimento de fracasso que, por consequência, pode levar ao isolamento.
Por outro lado, há a questão das redes sociais: os jovens estão hiperligados nos telemóveis, mas não interagem socialmente, o que pode aumentar sentimentos de exclusão.
O stress no trabalho é um dos fatores apontados. O que é que pode melhorar este aspeto?
O teletrabalho é uma das possibilidades. Aliás, é um recurso que tem um impacto maioritariamente positivo: 42% dos portugueses dizem que o teletrabalho melhorou o equilíbrio entre vida pessoal e profissional; 29% dizem ter reduzido o stress e 23% sentiram efeitos benéficos na saúde mental.
Mas também há efeitos negativos: 14% sentiram dificuldade em desligar do trabalho e 13% passaram a ficar mais isolados, por não terem contacto com os colegas.
Qual é a estratégia que os portugueses seguem para lidar com estes problemas?
46% recorrem a estratégias próprias, como o convívio com a família ou os amigos ou, mesmo o exercício físico. 21% procuram ajuda externa. O problema está nos 31% que não fazem nada. E entre esses, os principais motivos são os custos, as dúvidas sobre a eficácia e o desgaste emocional.
Homens ou mulheres. Quem são os mais propensos a situações de esgotamento?
Este estudo indica as mulheres (71%) são mais propensas a sentirem esgotamento do que os homens (60%). E, uma vez mais, a população jovem com menos de 34 é a mais afetada.
Na análise global aos 23 países onde foi feito este estudo, 66% dos europeus já experimentaram esgotamento ou burnout. Irlanda e Hungria são os países onde mais inquiridos admitem sofrer desse problema.
No plano geral, Portugal ocupa a oitava posição no que diz respeito ao bem-estar psicológico. 64% dos inquiridos a classificam a sua saúde mental como “boa” ou “muito boa”.
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