
Federação Académica do Porto alerta para “pandemia de saúde mental” nos jovens
“Preocupado, mas não surpreendido”, é a reação do presidente da Federação Académica do Porto (FAP) ao estudo que revela que mais de metade dos alunos universitários está em situação de esgotamento.
O estudo “Ecossistemas de Aprendizagem Saudáveis nas Instituições de Ensino Superior em Portugal”, indica que 40% dos estudantes do ensino superior consomem psicotrópicos e um em cada 10 toma anfetaminas ou estimulantes.
Em declarações à Renascença, Francisco Porto Fernandes, fala num “stress exacerbado, estudantes com três, quatro exames na mesma semana, a carga horária é mais de metade do que a carga horária média da União Europeia”.
“Infelizmente, este estudo só vem a verificar o que nós temos dito e repetido muitas vezes, nós temos uma pandemia de saúde mental no ensino superior“, alerta o estudante.
Francisco Porto Fernandes pede “uma mudança de paradigma do método de ensino-aprendizagem”.
“Nós queremos um maior equilíbrio entre o tempo em sala de aula e o tempo pessoal e, acima de tudo, tendo em conta até a crise do alojamento estudantil, é preciso um muito maior investimento em ação social”, adverte.
O presidente da FAP identifica a situação monetária como uma das principais razões para o esgotamento dos estudantes do ensino superior.
“Absolutamente dramático é nós termos a noção de que este tipo de ansiedade, de stress, aumenta exponencialmente consoante a condição económica”, revela.
“Muitos estudantes sabem que se não conseguirem passar aquele exame, se não conseguirem fazer aqueles créditos, podem perder a bolsa de estudos e podem perder a oportunidade de estar no ensino superior”.
Para resolver o problema, a FAP “propõe uma semana de quatro dias e uma menor carga horária no ensino superior e muito mais investimento em ação social, porque a desigualdade de oportunidades também provoca muitos problemas de saúde mental nos estudantes de condições económicas mais desfavorecidas”, considera.
“Hoje, um estudante que no seu primeiro ano não faça 60% das cadeiras, perde a bolsa, e ao perder a bolsa perde o alojamento”, explica Francisco.
O estudante defende que “a medida do cheque psicólogo por parte do anterior Governo foi positiva, ainda assim nós não podemos viciar as instituições de ensino, mas é preciso dar condições financeiras às instituições de ensino superior para aumentar o rácio do número de profissionais de saúde, nomeadamente de psicólogos nas nossas instituições”.
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