A história da vacinação antipneumocócica em Portugal acompanha a evolução das vacinas polissacárida (VPP) e conjugadas (VPC). Em 1996, foi introduzida a VPP23, dirigida a pessoas de alto risco a partir dos 2 anos. A VPC7 chegou em 2001 e, devido à sua eficácia, foi recomendada pela OMS para os programas de vacinação infantil.
A VPC13 entrou no Programa Nacional de Vacinação (PNV) em 2015, com excelentes taxas de cobertura. A vacinação das crianças reduziu os serotipos circulantes entre adultos — mas, com mais de 100 serotipos conhecidos de S. pneumoniae, continuamos a necessitar de vacinas com maior abrangência. Assim, surgiram sucessivamente as VPC10, VPC13, VPC15, VPC20… e, em breve, a VPC21. Já não podemos dizer aos doentes que “é só uma vez na vida!”. A epidemiologia evolui, as vacinas também — e as normas clínicas devem acompanhá-las.
A Norma n.º 013/2024, publicada a 19/12/2024, atualizou a estratégia de vacinação antipneumocócica. Entre os objetivos: alargar a proteção a novos serotipos (como 8, 10A, 11A, 12F, 15B, 22F, 33F), reduzir morbilidade e mortalidade, e garantir maior equidade no acesso à vacinação com vacinas mais modernas. Outra novidade: os maiores de 65 anos passaram a ter comparticipação em escalão B (69%) para todas as vacinas antipneumocócicas no mercado.
Mas ainda há trabalho pela frente. A vacinação do adulto depende da decisão e prescrição médica. Por isso, o médico de família — e também o enfermeiro de família — têm um papel central na promoção da proteção individual e coletiva. Contamos com duas ferramentas importantes: os indicadores de monitorização 2021.455.01 (proporção de doentes com DPOC ≥18 anos vacinados) e 2021.456.01 (proporção de doentes com asma ≥18 anos vacinados). Estes permitem identificar rapidamente utentes com esquema vacinal incompleto, e assim podermos passar à ação! (Veja em: 3passos.pt/monitorizar).
Agora, imagine-se um sistema que identificasse automaticamente todos os utentes elegíveis da USF ou UCSP, com base no processo clínico… Seria uma revolução na prática!
Para terminar, um elogio às equipas de MGF que, em apenas dois anos, aumentaram estes dois indicadores de vacinação:
- DPOC: de 17% (março 2023) para 29% (fevereiro 2025);
- Asma: de 10% (março 2023) para 17% (fevereiro 2025).
E não esqueçamos: uma vacina só é eficaz depois de administrada. Estes indicadores medem precisamente registos de inoculação no eVacinas. Continuemos o bom trabalho. Divulguemos estes números às nossas equipas, à comunidade e aos decisores políticos.
