
A linha do tempo do apagão, segundo a Proteção Civil
O presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil fez, esta quarta-feira, uma linha do tempo do que aconteceu durante o “apagão” de segunda-feira. Aos jornalistas, José Manuel Moura desenhou a “timeline” da Proteção Civil para agir perante uma ocorrência que descreveu como “inédita e inopinada” e que acabou por ser resolvida de forma “muito positiva”.
Traçamos a linha do tempo do apagão em Portugal, de acordo com a Proteção Civil:
11h33 – Dá-se o apagão que, sabemos agora, aconteceu a nível ibérico.
11h47 – Primeiro contacto da Proteção Civil com as Redes Energéticas Nacionais (REN) e E-Redes para “avaliar o que estava a acontecer”.
12h04 – Proteção Civil recebe informação de que a falha é “ibérica”, com “possibilidade de recuperação em 24 horas”.
11h48 – Primeiro contacto com o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP). Forças de socorro, como o INEM ou os Sapadores Bombeiros, também foram contactados.
11h50 – REN informa que há “uma avaria nacional de causas desconhecidas”.
12h05 – Foi estabelecido um “plano de comunicação de crise a nível estratégico”. Foram feitos contactos com a MEO, NOS, Vodafone e DIGI para se perceber “o que estava a acontecer”.
12h18 – Estabelecida a necessidade de criar uma Estrutural Operacional Nacional para o sistema de segurança interna. Porquê só agora? “Até àquele momento não tínhamos estabelecido que evento estávamos a viver, se era um evento de proteção civil, proteção e socorro ou segurança interna”, explica José Manuel Moura.
12h27 – Foi feito um primeiro contacto com o “mecanismo europeu de Proteção Civil” para recolher “alguma informação operacional”. “Não tivemos nenhuma informação significativa, a não ser o número de geradores que poderiam ser disponibilizados”, refere o presidente da Proteção Civil.
12h30 – “Por nossa decisão, às 12h30 foi decidido convocar o centro coordenador operacional nacional para as 13h30”.
12h47 – Toda a estrutura operacional da Proteção Civil recebeu “informação detalhada e instruções operacionais”.
13h05 – Primeiro envio de uma nota à comunicação social.
13h10 – Chega o secretário de Estado da Proteção Civil ao local onde tudo vai ser decidido.
13h15 – Situação já se tinha generalizado. Há pedidos das entidades e foram estabelecidas as prioridades para se monitorar “toda a situação”. Prioridades foram “abastecimento de combustível aos hospitais, centros de diálise e de doentes com deficiência respiratória crónica”. Foi proposta a ativação dos planos de contingência de hospitais, lares e unidades de cuidados continuados. Estrutura também passou a solicitar pontos de situação aos aeroportos, metros, data centers e a avaliar a rede estratégica de postos de combustível de cada região.
13h30 – “Volvida menos de uma hora, tínhamos o centro coordenador operador a entrar em funcionamento”, confirma José Manuel Moura. Previamente tinha sido feita a ativação do “centro tático de comando” como redundância à sala de operações” – como “plano B” – embora o gerador tivesse mantido “o funcionamento de toda a estrutura”. Está, assim, criado o Centro Coordenador Operacional Nacional (CCON), que se manteve ativo “perto de 24 horas”.
Nele participaram “cerca de 30 entidades”, de “forma ativa, permanente e disponível”, entre Forças Armadas, Sistema de Segurança de Informações, GNR, PSP, Bombeiros, INEM, E-Redes, EPAL, IMT, Brisa, Segurança Social, SIRESP, MEO, NOS, Vodafone, entre outras.
13h45 – Levantamento de necessidades urgentes de geradores e combustível com “prioridade absoluta às instalações de saúde”. Planos de contingência reage – há geradores, mas é preciso reabastecê-los.
Falhas nos semáforos não ajudam. Forças de segurança avançam para ajudar a retirar viaturas de abastecimento do meio do trânsito que se instala.
14h30 – Ativação dos primeiros planos de emergência da Proteção Civil – 23 planos municipais e um distrital (Coimbra).
16h30 – Conclusão da compilação das necessidades mais urgentes – é concluído o levantamento das entidades que precisavam de geradores e a sua capacidade, mas é aqui que se coloca verdadeiramente o problema do reabastecimento. Hospitais Santa Maria, São João, São Francisco Xavier e clínicas de hemodiálise fazem chegar preocupação com reabastecimento de combustível para geradores.
17h15 – Inicia-se o processo de envio de SMS à população, “ainda com muito pouca informação do que se estava a passar”.
18h00 – Começam a ser enviadas as primeiras SMS. Envio foi feito até às 24h. Envio foi “seriamente afetado” – apenas 2,5 milhões de clientes nacionais receberam a mensagem, menos de 50% do expectável.
18h28 – Publicação nas redes sociais para a população “evitar deslocações desnecessárias”.
19h30 – Emissão de um “comunicado técnico operacional de nível laranja”. Porquê a esta hora? “Por prevenção e precaução”. Há “sinais de alguma recuperação nalguns concelhos”, como Abrantes e Santarém, mas muitos ainda estavam “seriamente afetados por falta de energia”. Começa a temer-se a falta de água, daí a necessidade de precaver um eventual reforço de meios para apoio no abastecimento hídrico à população e apoio geral de infraestruturas críticas.
O pior cenário acabou por não se verificar, garante o responsável, e a resposta operacional foi garantida.
20h30 – Há uma resolução do conselho de ministros – que declara situação de crise energética e ativa a rede estratégica de postos de abastecimento.
23h15 – Ministra da Administração Interna participa no Centro Coordenador Operacional Nacional e faz briefing que dura até cerca das 01h30.
A situação foi normalizando durante a madrugada. Neste momento, os 23 planos municipais de emergência vão sendo desativados.
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