
Educação Especial. Pais com medo de represálias não denunciam casos de discriminação e violência
A explicação, segundo Filipa Nobre, pode estar no medo de represálias, porque “aquilo que se reflete em denúncias ou queixas formais, mostra que claramente ainda existe algum desconforto”. Sublinha que “há pais que verbalizaram isso, que não fizeram a queixa por escrito, porque têm medo de represálias, porque vai ser pior para as suas crianças”.
Filipa Nobre denuncia que, muitas vezes, os pais não têm a escola como parceira, porque “há casos em que são expulsos, há convites para saírem, pressões para transferência para outras escolas, temos de tudo um pouco neste relatório”, concluindo que há direções escolares que não levam em conta o que os pais dizem, porque “tudo o que os pais dizem acaba por ser descredibilizado e desvalorizado”.
“Sobrecarga emocional e física, que leva mesmo à exaustão”
As famílias com crianças que exigem necessidades educativas específicas têm um trabalho redobrado para apoiar os filhos e, muitas vezes, sentem-se abandonadas nomeadamente pela escola, o que tem reflexos na saúde de toda a família.
Filipa Nobre admite que “a saúde mental destas crianças e destas famílias é um tema que preocupa muito, porque isto é esgotante”.
Desabafa que “é um trabalho diário que exige muito, que é uma sobrecarga emocional, física, que leva mesmo à exaustão”.
O Movimento para uma Inclusão Efetiva tem recolhido relatos de pais com “casos muito complicados de exaustão, de esgotamento, de depressão profunda, não só das crianças, mas também das famílias que acompanham diariamente estas crianças”.
O questionário realizado pelo mie. teve como público-alvo pais/mães e/ou encarregados de educação de crianças com necessidades educativas específicas e a recolha foi feita em formato online, entre 29 de janeiro e 3 de março de 2025. Foram validadas 1036 respostas, com abrangência nacional, de Portugal Continental e Ilhas.
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