Que fatores predizem quando os idosos vão parar de dirigir?

Que fatores levam os idosos a parar de dirigir? Um novo estudo acompanhou adultos mais velhos que não tinham problemas de memória ou de pensamento para examinar esta questão. O estudo foi publicado na edição on-line de 22 de maio da Neurologia.

“A doença de Alzheimer se desenvolve ao longo do tempo – as pessoas podem passar um período de 10 a 15 anos em que não apresentam sintomas, mas o processo da doença está se desenvolvendo no cérebro”, disse o autor do estudo, Ganesh M. Babulal, Ph.D., OTD, da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, Missouri. “Estávamos procurando ver se os adultos mais velhos com sinais de Alzheimer precoce teriam maior probabilidade de parar de dirigir do que as pessoas sem esses sinais”.

O estudo envolveu 283 participantes com idade média de 72 anos que dirigiam pelo menos uma vez por semana. Eles fizeram testes cognitivos no início do estudo e depois todos os anos durante uma média de 5,6 anos. Eles também fizeram exames cerebrais e coletaram líquido cefalorraquidiano no início do estudo e depois a cada dois ou três anos.

Durante o estudo, 24 pessoas pararam de dirigir, 15 morreram e 46 pessoas desenvolveram comprometimento cognitivo.

Entre as pessoas que pararam de dirigir, nove pessoas tiveram problemas neurológicos, quatro tiveram alterações significativas na visão, oito tiveram problemas gerais de saúde e três foram transferidas para uma unidade de vida assistida.

Entre todo o grupo, cerca de um terço das pessoas preenchiam os critérios para Alzheimer pré-clínico com base nos níveis de biomarcadores para a doença – placas amilóides e emaranhados de tau – nas imagens cerebrais e no líquido cefalorraquidiano.

Os pesquisadores descobriram que os participantes do sexo feminino, as pessoas que desenvolveram comprometimento cognitivo e as pessoas que tiveram pior desempenho nos testes cognitivos tinham maior probabilidade de parar de dirigir do que os participantes do sexo masculino, aqueles sem problemas cognitivos e aqueles que tiveram melhor desempenho nos testes cognitivos. A quantidade de placas amilóides e emaranhados de tau que as pessoas tinham no cérebro e no líquido espinhal não previam a parada de dirigir.

Do total de participantes, 58% das mulheres pararam de dirigir, em comparação com 42% dos homens. Das 48 pessoas que desenvolveram comprometimento cognitivo, 27% pararam de dirigir, em comparação com 4% que não desenvolveram comprometimento cognitivo, e 30% das pessoas com pontuações baixas em testes cognitivos pararam de dirigir, em comparação com 7% daquelas com pontuações mais altas.

Depois que os pesquisadores ajustaram outros fatores que poderiam afetar a parada de dirigir, eles descobriram que as participantes do sexo feminino tinham quatro vezes mais probabilidade do que os participantes do sexo masculino de parar de dirigir. As pessoas que preenchiam os critérios de comprometimento cognitivo tinham 3,5 vezes mais probabilidade de parar de dirigir do que aquelas sem problemas cognitivos. Pessoas com pontuações mais baixas nos testes cognitivos tinham 30% mais probabilidade de parar de dirigir do que aquelas com pontuações mais altas.

“Este estudo fornece validação adicional para as recomendações da diretriz de 2010 da Academia Americana de Neurologia de que progredir para comprometimento cognitivo leve com base na escala de Avaliação Clínica de Demência aumenta os riscos associados à direção e é quando as pessoas devem ser aconselhadas a não dirigir mais”, disse Richard M. Dubinsky, MD, MPH, da Universidade de Kansas em Kansas City, que escreveu um editorial que acompanha o estudo e foi autor da diretriz AAN de 2010.

Uma limitação do estudo foi que os investigadores não tinham informações sobre outras condições médicas, qualquer declínio na visão ou audição, ou uso de medicamentos como antidepressivos e sedativos, todos associados ao risco de reprovação num teste de estrada.