
Idosos. Livro sugere plano hospitalar a pensar “nas particularidades” dos mais velhos
“Plano Hospitalar para Idosos” (PHI) foi o livro apresentado, este fim de semana, na Feira do Livro, em Lisboa. A obra foi escrita por três médicos e uma nutricionista, mas teve também a colaboração de outros profissionais, como fisioterapeutas, enfermeiros especialistas em Enfermagem de Reabilitação e terapeutas da fala.
“As características particulares desta população exigem uma abordagem holística e diferenciada na prestação de cuidados, porque um velho não é um adulto”, enfatiza João Gorjão Clara, um dos autores e dos principais defensores da Geriatria em Portugal.
“Os nossos hospitais não estão preparados para o internamento de doentes idosos, com idade média de 80 anos”, alerta. Essa dificuldade em lidar com as especificidades dos mais velhos é sobretudo relevante nos casos de delirium e imobilismo, síndromes frequentes e com impacto significativo na qualidade de vida e no prognóstico.
“Estas duas entidades ainda são muito subtratadas e subdiagnosticadas, apesar de terem uma prevalência de 50 a 90% e de poderem ser evitadas em 30% das situações”, especifica o médico, também fundador e presidente da Direção da Associação dos Médicos dos Idosos Institucionalizados.
Face à “necessidade imperiosa de formação”, surgiu o livro que, apresenta precisamente um plano hospitalar para idosos (PIH). “Reforçando a importância da formação em Geriatria, esta obra reúne ferramentas para a abordagem do idoso, quer internado quer residente noutras instituições, como a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e Estruturas Residenciais para Idosos.”
São assim apresentados vários protocolos práticos de atuação, destacando-se a articulação com os cuidados de saúde primários, além de se sugerir medidas de organização do meio e da arquitetura hospitalares. Inclui ainda material de apoio: um plano de formação da equipa multidisciplinar na área do delirium e imobilismo e anexos de auxílio ao seu quotidiano.
“É preciso pensar em tudo: nas particularidades que obrigam a medidas mais adequadas às mudanças decorrentes do processo de envelhecimento – nomeadamente na farmacologia -, mas também na própria estrutura hospitalar.”
Como acrescenta: “Os doentes estão muito tempo acamados e perdem mobilidade física, além de todo o impacto que um internamento tem a nível cognitivo e emocional.”
João Gorjão Clara espera que este livro possa ser “um apoio importante” para que os cuidados aos mais idosos sejam “cada vez mais bem adequados numa sociedade em que se vive cada vez mais anos”.
Além de João Gorjão Clara, a edição do livro (LIDEL) conta com Pedro Madeira Marques, médico internista no Hospital Vila Franca de Xira (HVFX), Magda Sofia Silva, médica internista no Centro Hospitalar Barreiro Montijo, Ana Rita Lambelho, médica interna de Medicina Interna no HVFX e Beatriz Bartissol, nutricionista no HSFX.
SO
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