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É preciso contratar mais enfermeiros

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Segundo o Relatório Primavera, o aumento de cerca de três mil profissionais de enfermagem entre 2015 e 2017 serviu apenas para acomodar a passagem das 40 para as 35 horas semanais

A Saúde precisa de contratar mais enfermeiros e técnicos operacionais. A conclusão é do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, que no seu Relatório Primavera demonstra que só na área da enfermagem o aumento de cerca de três mil profissionais entre 2015 e 2017 serviu apenas para acomodar a passagem das 40 para as 35 horas semanais nas escalas dos serviços. Uma medida que vai ser alargada a ainda mais enfermeiros já a partir do início do próximo mês.

Nos últimos três anos, o crescimento do pessoal de enfermagem (passaram de 40 615 para 43 559, um aumento de 7,2%) até foi substancialmente superior ao do total dos efetivos do Serviço Nacional de Saúde (quase 132 mil profissionais, uma subida de 4,6% desde 2015), mas na prática o ponteiro das horas trabalhadas nãos e mexeu.

A razão mais provável, avança o documento que é apresentado hoje em Lisboa, é “a redução do período normal de trabalho aplicável aos profissionais em funções públicas das 40 horas para as 35 horas semanais. Significa, portanto, que o aumento nominal destes profissionais em 2 anos – na ordem dos 3.000 – apenas terá permitido colmatar o efeito da alteração à legislação laboral, não tendo tido reflexo na maior disponibilidade destes profissionais. Este facto deve ser tomado em consideração na avaliação da necessidade de contratação de enfermeiros para o SNS”. Conclusão que que certamente não deixará de ser usada em futuras discussões do governo com a Ordem e os sindicatos dos enfermeiros, que além já terem realizado greves nos últimos anos com base nesta reivindicação, têm vindo a alertar para o impacto nos hospitais da passagem para as 35 horas dos profissionais com contratos individuais de trabalho. Segundo os sindicalistas, seriam precisos mais cinco mil enfermeiros no sistema.

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Quantos profissionais de saúde estão a trabalhar?

Portugal desconhece o número de profissionais de saúde que estão efetivamente a trabalhar, o que ameaça “qualquer definição política de prioridades de recursos humanos”, segundo o Relatório de Primavera 2018 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS).

“Sabemos quantos estão habilitados para trabalhar, mas não sabemos quantos profissionais estão efetivamente a trabalhar”, à exceção dos farmacêuticos, porque “as ordens não facultam esses dados de forma pública ou porque não têm essa contabilização feita”, disse à agência Lusa o coordenador do capítulo “Recursos Humanos na Saúde” do relatório, Tiago Correia.

Segundo o relatório, o Ministério da Saúde tem esta informação mais controlada no Serviço Nacional de Saúde, mas pouco se sabe sobre o que se passa nos setores privado e social, pela inexistência de uma agregação semelhante de dados à realizada pela Administração Central do Sistema de Saúde para o SNS. “A isto associa-se o multiemprego, que é estimado em níveis não menosprezáveis, tanto no setor privado como entre o setor público e privado, e as situações de prestação de serviço e trabalho por conta própria”, sublinha.

Para Tiago Correia, investigador do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, esta situação “ainda é mais importante e grave” porque “um número indeterminado de profissionais trabalha tanto no setor público como no setor privado”. Segundo o investigador, “qualquer definição política de prioridades de recursos humanos está desde logo ameaçada”, porque não se consegue fazer “um bom diagnóstico se efetivamente faltam ou não faltam profissionais” e em que especialidades e valências.

“Para ultrapassar esta situação, o relatório recomenda que seja implementada a lei de 2015 que criou o Inventário Nacional dos Profissionais de Saúde. “Estamos em 2018 e não houve grandes desenvolvimentos a este respeito”, o que “também é ilustrativo do problema que o sistema de saúde tem”, afirma Tiago Correia.

Sem ter estes dados, neste momento fazemos um pouco uma navegação à vista

Por um lado, há “um Serviço Nacional de Saúde que está definido na lei como uma peça pivot do sistema, o principal prestador e financiador de cuidados de saúde em Portugal”, mas quando o Ministério tenta obter informações sobre outros prestadores percebe-se que “há uma grande resistência” na obtenção desta informação, sendo argumentado que o SNS é um “concorrente e uma parte interessada” nesta informação. “O ministro da Saúde não é, não pode ser à luz da lei, o ministro do Serviço Nacional de Saúde e, portanto, tem que ter acesso a esta informação e todos os prestadores públicos e privados devem reportar uma informação uniformizada, padronizada, regular e bastante aprofundada sobre os seus recursos humanos para que se possa definir, por exemplo, medidas de alargamento dos ‘numerus clausus’ ou o aumento do número de cursos ou a emissão de licenças profissionais ou a contratação de profissionais estrangeiros”, defendeu Tiago Correia. Sem ter estes dados, “neste momento fazemos um pouco uma navegação à vista”, considerou.

O Observatório Português dos Sistemas de Saúde é constituído por uma rede de investigadores e instituições académicas dedicadas ao estudo dos sistemas de saúde. Tem como finalidade proporcionar a todos aqueles que podem influenciar a saúde em Portugal, uma análise precisa, periódica e independente da evolução do sistema de português e dos fatores que a determinam.

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