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Uma nova Academia para os enfermeiros portugueses

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Luís Filipe Barreira, Bastonário da Ordem dos Enfermeiros

A criação da Academia da Ordem dos Enfermeiros, que vai começar a ser implementada em 2026, será um dos projetos mais relevantes da profissão nas últimas décadas. Trata-se de uma mudança estrutural na forma como se organiza e disponibiliza o conhecimento em enfermagem.

Há muito que a enfermagem exige instrumentos de valorização e atualização permanentes e na Academia vai encontrar um espaço pensado para garantir que todos os enfermeiros têm acesso a formação gratuita de qualidade e atualizada com o mais recente desenvolvimento científico.

A ideia central é que a formação permanente deixe de ser entendida como uma sucessão de cursos dispersos e passe a integrar uma estratégia coerente.

A Academia nasce da necessidade real de acompanhar a evolução rápida da ciência e das práticas de saúde, assegurando que o enfermeiro português tem as mesmas oportunidades de aprendizagem e progressão que os seus pares noutros países. Surge também da consciência de que a qualidade dos cuidados de saúde depende, em grande parte, da capacidade de atualização técnica, científica e ética de quem os presta.

Até agora, a formação promovida pela Ordem tinha crescido sobretudo pela força do trabalho de um pequeno gabinete, com poucos recursos humanos, e centrava-se maioritariamente nas áreas de especialidade. Isso criou limitações evidentes. Não chegava a todos, não cobria todas as necessidades e não acompanhava a diversidade dos contextos profissionais. A Academia da Ordem dos Enfermeiros vem resolver esse desequilíbrio, ao criar uma estrutura permanente, capaz de articular a gestão central da formação com a sua execução descentralizada nas Secções Regionais. A formação deixa de estar concentrada em Lisboa e passa a acontecer em todo o território nacional, com a mesma qualidade, o mesmo rigor e a mesma relevância.

A ambição é grande, mas concretizável. Queremos construir uma plataforma de conhecimento para os enfermeiros do país inteiro, que promova o mérito, que valorize a experiência e que reforce a confiança na Ordem como entidade que regula a profissão, mas também forma. A Academia vai combinar várias modalidades, do ensino presencial às formações online e b-learning, e investir em metodologias pedagógicas modernas como a simulação clínica, a realidade virtual e o microlearning. Está prevista a disponibilização de MOOC e de programas modulares acessíveis a qualquer enfermeiro, em qualquer local, com certificação reconhecida e conteúdos atualizados com as tendências internacionais em saúde.

A formação presencial também ganha nova dimensão, além de ser distribuída por todo o país, vai beneficiar do futuro edifício que acolherá a sede nacional da Ordem, com auditório, salas de formação e estúdios preparados para ensino híbrido. A Academia será, assim, uma rede viva que integra as estruturas regionais, as instituições de ensino superior, os serviços de saúde e parceiros nacionais e internacionais. Este modelo permitirá criar percursos formativos diferenciados, ajustados a vários perfis e etapas da profissão, tais como recém-licenciados em início de carreira, especialistas em atualização permanente, gestores e líderes em funções de coordenação e enfermeiros especialistas ou com competências acrescidas.

A Academia representa um compromisso com a dignificação da enfermagem. Reforça o papel da Ordem como instituição capaz de antecipar desafios, de formar líderes e de ser um veículo de conhecimento. Estimula a investigação aplicada, a partilha de boas práticas e a criação de comunidades de aprendizagem, aproximando o exercício profissional da produção científica e das evidências mais recentes.

Através da Academia, a Ordem dos Enfermeiros vai posicionar-se como entidade de referência na formação em saúde, reconhecida nacional e internacionalmente, ao mesmo tempo que garante a equidade no acesso ao conhecimento.

Esta visão inclui ainda uma dimensão externa e solidária. A internacionalização faz parte da estratégia, com o objetivo de levar, numa fase posterior, a formação portuguesa a outros países de língua oficial portuguesa, nomeadamente os PALOP, reforçando os laços históricos e culturais e contribuindo para o desenvolvimento das suas políticas de saúde. A Academia poderá também abrir-se a outros públicos, como cuidadores formais e informais, bombeiros e auxiliares de saúde, partilhando com a sociedade o conhecimento e a competência técnica dos enfermeiros.

Num tempo em que a profissão enfrenta grandes desafios, como a escassez de profissionais, envelhecimento da população, complexidade clínica e uma grande pressão sobre o sistema de saúde, a criação da Academia da Ordem dos Enfermeiros é uma resposta concreta e sustentável. Coloca a formação no centro da regulação, a inovação no centro da formação e o enfermeiro no centro de tudo.

A Academia é um investimento coletivo na qualidade dos cuidados e na confiança da população nos enfermeiros. É uma afirmação de que o futuro da enfermagem portuguesa se constrói com conhecimento e ambição. E é, acima de tudo, a prova de que a Ordem dos Enfermeiros está preparada para liderar essa mudança, com os enfermeiros e para os enfermeiros.

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