ULS do Tâmega e Sousa reconhece “elevadíssima pressão” e garante diálogo com internistas

“O conselho de administração da ULSTS reconhece que atravessamos um período de elevadíssima pressão assistencial”, que é transversal ao Serviço Nacional de Saúde nesta altura, adiantou a unidade de saúde à agência Lusa.
A posição da unidade local de saúde foi manifestada após os médicos do Serviço de Medicina Interna terem alertado para a sobrecarga assistencial no internamento e avisado que não aceitavam mais doentes em condições “inseguras ou indignas” fora das enfermarias ou das unidades de transição.
Segundo a ULS, o atual volume de afluência e a necessidade de internamentos, motivados maioritariamente por infeções respiratórias agudas e descompensação de doenças crónicas, enquadram-se nos cenários de ativação dos níveis de contingência previstos no seu plano de resposta sazonal de inverno, atualmente no nível 3.
Na prática, a ULS tomou várias medidas, como a abertura de áreas de contingência, com o funcionamento em pleno das unidades de transição para o internamento, que representaram um reforço de até 66 camas adicionais sob a responsabilidade do Serviço de Medicina Interna.
Foi ainda reforçada a capacidade externa, através da contratualização de camas aos setores social e privado para doentes agudos e crónicos, bem como o aumento da hospitalização domiciliária, referiu.
Adiantou ainda que, ao nível da gestão dos recursos humanos, foram reforçadas as equipas no apoio assistencial no internamento do Serviço de Medicina Interna, com recurso a médicos de outras especialidades, como a pneumologia, infecciologia, endocrinologia e nefrologia, assim como de enfermagem.
Além disso, foi suspensa temporariamente a atividade cirúrgica programada não urgente, conforme previsto no protocolo de nível 3 do plano, para libertar camas de internamento e equipas para doentes agudos.
Sobre a posição tomada pelos médicos de medicina interna, os responsáveis da ULS consideram ter sido o “reflexo do elevado nível de exigência, profissionalismo e dedicação, de quem se encontra em contexto particularmente adverso”.
O plano de contingência foi desenhado “precisamente para prever a reorganização de equipas e gestão partilhada neste período crítico”, salientou a ULSTS, ao realçar que a dificuldade reside no volume excecional da procura e nas limitações estruturais e não na disponibilidade ou empenho dos profissionais.
“O conselho de administração mantém-se, como sempre, totalmente disponível para reunir, ouvir e ajustar as medidas operacionais que sejam necessárias, para apoiar todos os médicos no terreno e adotar medidas adicionais, no sentido da melhor prestação de cuidados”, assegurou.
Na posição tornada pública na segunda-feira pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam), os internistas referem que o hospital tem funcionado em regime de sobrecarga assistencial, mas a pressão atual sobre os internamentos atingiu um ponto crítico que compromete a segurança dos doentes e a qualidade dos cuidados prestados.
Os signatários do documento avisaram que, “a partir deste momento, não aceitarão a manutenção de doentes em condições irregulares, inseguras ou indignas, nomeadamente fora das enfermarias ou das unidades de transição para o internamento”.
Alertaram também que, uma vez atingido o limite máximo de 166 doentes internados no Serviço de Medicina Interna na Unidade Padre Américo, em Penafiel, “não tomarão decisões que coloquem em risco os doentes”.




