
ULS Alto Ave quer reforçar apoio a doentes e cuidadores
O “Humaniza”, projeto dedicado a pessoas com doenças avançadas, acompanha em Guimarães e em Vizela, no distrito de Braga, mais de três dezenas de casos e procura voluntários para reforçar o acompanhamento pessoal com doentes e cuidadores.
“Há muita procura por parte das famílias, mas a equipa tem pouca oferta de voluntários neste momento. É um voluntariado muito especifico, muito diferenciado, que exige robustez psicológica e muita formação”, descreveu à Lusa a psicóloga e orientadora do banco de voluntários da Unidade Local de Saúde do Alto Ave (ULSAAve), Marta Figueiredo.
Paula Carvalho, 53 anos, é uma das cinco voluntárias do projeto. Começou a colaborar com as equipas comunitárias de apoio domiciliário de Guimarães e Vizela há dois anos.
“Às vezes uma pequena pergunta, uma pequena frase, uma palavra, desperta logo várias emoções e abertura. Temos sentido que as pessoas precisam muito de falar e de ser ouvidas. Também fazemos acompanhamento do cuidador que às vezes já está muito descompensado, muito saturado de viver em prol do acompanhamento daquele doente”, descreve.
Com uma colega também voluntária, Paula, que é terapeuta de reiki, visita as famílias que lhe são atribuídas uma ou duas vezes por mês. Telefona-lhes quase diariamente.
“A nível médico, sabemos que a pessoa está a ser acompanhada. Portanto, a nossa função, o nosso foco, a nossa interação tem a ver com a parte anímica, a empatia. Se este trabalho é difícil? Eu diria que é exigente, humano”, refere.
O “Humaniza” é um projeto que a Fundação la Caixa iniciou em Espanha em 2008 e que chegou a Portugal em 2018, com a designação “Programa para o Apoio Integral a Pessoas com Doenças Avançadas”.
Em causa estão casos de pessoas que requerem cuidados integrais que abordem aspetos físicos e psicológicos, sociais e espirituais, o bem-estar dos cuidadores e a preparação para o luto.
É objetivo do programa complementar os cuidados de saúde prestados pelas equipas de cuidados paliativos, realizando uma intervenção psicossocial e espiritual.
Decorridos sete anos de atividade, as equipas de apoio psicossocial atuam, em Portugal, junto de mais de 5.000 doentes e mais de 6.000 familiares.
Desde o seu início e até dezembro de 2024 apoiaram mais de 66.900 pessoas: 30.185 doentes e 36.777 familiares.
Formadas por mais de 60 profissionais, entre os quais psicólogos, assistentes sociais e voluntários, as equipas de apoio psicossocial, intervêm em 19 hospitais, colaborando com 86 equipas recetoras e dando apoio a 14 equipas domiciliárias.
O voluntariado é considerado um pilar na área dos cuidados paliativos. Atualmente o leque nacional é de mais de 30 voluntários. A ULSAAve tem cinco no terreno, deverá ter mais dois em breve e quer, anualmente, aumentar os cursos e as formações para alargar a oferta.
“Estamos a falar de doenças incuráveis, em fases avançadas e progressivas, doenças oncológicas ou insuficiências de órgãos, demências, doenças neurológicas degenerativas, doenças crónicas. Quanto mais cedo os casos forem referenciados para os cuidados paliativos e for ativado acompanhamento melhor. Necessitamos sempre de novos voluntários porque são interpretações e contributos muito refrescantes”, refere Marta Figueiredo.
À Lusa, a psicóloga que agora coordena o projeto em Guimarães e em Vizela, um trabalho que partilha com a assistente social Alcina Abreu, explica que o primeiro requisito é demonstrar vontade e motivação, mas isso não basta.
“Segue-se a avaliação psicossocial e formação específica começando pelos princípios dos cuidados paliativos e com diferentes contribuições da área da medicina, enfermagem, serviço social e psicologia. O voluntário não administra medicação, nem tem de intervir na área médica, mas substituir um cuidador na ida a uma consulta, jogar um jogo ou ler um jornal podem, muitas vezes, ser contributos muito impactantes”, refere.
A equipa de cuidados paliativos da ULSAAve candidatou-se ao “Humaniza” em 2021. Para levar a cabo este projeto conta com a ajuda de associações como a PPA — Pensamento Palavra Atitude, a Associação Vencedores do Cancro Unidos Pela Vida e do Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa do Hospital de Guimarães.






