
Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar criticam presidente do INEM e defendem papel na greve de 2024
Os Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) responderam às críticas do presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Luis Cabral, feitas no fim de semana sobre a greve de 2024, que classificou como tendo uma “vertente ética e deontológica gravíssima”.
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Numa carta aberta partilhada nas redes sociais, os TEPH rejeitaram as acusações e defenderam o seu papel na linha da frente da emergência médica, alertando que ignorar estes profissionais é “desperdiçar conhecimento”.
Os técnicos afirmam que a recusa em realizar trabalho extraordinário durante a greve não foi um ato de irresponsabilidade, mas antes “um grito de alerta”. “O trabalho extraordinário é, como o nome indica, extra. Ainda assim, durante anos, foi feito de forma contínua, com horas sem fim, porque os técnicos sabem que o cidadão precisa deles. Só quando esse limite foi atingido é que alguém decidiu ouvir”, referem na carta.
No relatório da Inspeção-geral das Atividades em Saúde (IGAS) sobre as greves de outubro e novembro de 2024, foi concluído que apenas a greve do trabalho suplementar, decretada pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), foi comunicada ao INEM com pré-aviso. As greves gerais decretadas por outros sindicatos não foram comunicadas diretamente ao INEM, o que impediu a definição adequada dos serviços mínimos. A IGAS apontou ainda que a mitigação do impacto da sobreposição das greves não foi acautelada por falta de acionamento dos mecanismos legais para negociar os serviços mínimos.
Em reação, o STEPH acusou Luis Cabral de procurar “um bode expiatório” e de atacar os profissionais, anunciando que o departamento jurídico do sindicato está “a analisar as declarações proferidas para acionar eventuais medidas legais que venham a ser consideradas necessárias para defender os trabalhadores do INEM”. O sindicato salientou que o presidente do INEM “procura colocar em causa a dignidade profissional dos TEPH, insinuando que estes não se afirmam como profissionais da área da saúde”, lembrando que são “profissionais de saúde altamente qualificados, com formação específica e competências técnicas reconhecidas, que atuam na linha da frente da emergência médica, frequentemente em contextos de enorme pressão, risco e escassez de meios, colmatando falhas estruturais do sistema que se arrastam há anos”.
Na carta aberta, os TEPH sublinham que “a história do INEM não se escreve sem os seus técnicos”. “Evoluímos com o sistema, crescemos com ele e ajudámos a moldá-lo. Fomos nós que garantimos a resposta pré-hospitalar em milhares de ocorrências, que estabilizámos doentes, que entregámos vidas com esperança às portas dos hospitais. Esse percurso não pode ser apagado nem desvalorizado”, escrevem.
Os técnicos garantem que não querem destruir o INEM, mas sim “vê-lo crescer, evoluir e responder melhor”, destacando que representam “cerca de 70% da força operacional do instituto”. “Ignorar-nos é desperdiçar conhecimento, experiência e vontade de fazer melhor. Valorizar-nos, investir na nossa formação e ouvir quem conhece a realidade do pré-hospitalar é a única forma inteligente de garantir um INEM mais forte e mais preparado para o futuro”, defendem.
Luis Cabral revelou ainda que pretende colocar enfermeiros no atendimento das chamadas e entregar aos técnicos a gestão dos meios de emergência, implementando um sistema de triagem semelhante ao dos hospitais, com tempos de resposta adequados ao nível de prioridade do doente.
lusa/HN
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