Surto respiratório leva Coimbra a ativar nível 2 de contingência nos centros de saúde

A Unidade Local de Saúde de Coimbra ativou o nível 2 de contingência nos centros de saúde após uma semana com 2274 consultas por infeções respiratórias, ultrapassando o limiar crítico. A medida implica alargamento de horários, incluindo sábados, e reorganização das agendas para garantir resposta no próprio dia

A Unidade Local de Saúde de Coimbra ativou o nível 2 de contingência nos cuidados primários após uma semana com 2274 consultas por infeções respiratórias, ultrapassando o limiar de 1750. Medidas incluem alargamento de horários e reorganização de agendas.

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O número de pessoas com problemas respiratórios a procurar os centros de saúde da região de Coimbra disparou de forma clara na semana de 15 a 21 de dezembro. Foram precisamente 2274 as consultas por infeções do aparelho respiratório realizadas nos cuidados de saúde primários, num total de 4739 atendimentos a doentes agudos. Um valor que, ao bater no limiar definido de 1750 consultas semanais por este motivo, obrigou à ativação do Nível 2 do Plano de Contingência daquela unidade de saúde.

Entre os diagnósticos que justificam esta pressão nos serviços, contam-se 1288 infeções agudas das vias respiratórias superiores, 576 casos de gripe confirmados, 168 episódios de bronquiolite aguda – que afeta sobretudo as crianças mais pequenas –, 159 pneumonias e ainda 127 amigdalites. Um leque que demonstra a circulação intensa de vários vírus na comunidade e um impacto particular nas faixas etárias mais jovens.

Em resposta, a ULS de Coimbra determinou o alargamento do horário de funcionamento das suas unidades até às 20 horas durante os dias úteis. Aos sábados, o atendimento será assegurado entre as 9 e as 13 horas. Paralelamente, está em curso uma reorganização das agendas dos médicos e enfermeiros para garantir que pelo menos 80% dos pedidos de consulta aguda sejam realizados no próprio dia em que são solicitados. Medidas que visam descongestionar e dar resposta à procura crescente.

Mesmo durante os dias de tolerância de ponto, a 24, 26 e 31 de dezembro, a instituição assegurou que os centros de saúde estarão abertos entre as 10 e as 18 horas. O objetivo é manter a consulta de doença aguda e os cuidados de enfermagem, garantindo que a população não fica desassistida numa altura em que a atividade administrativa tradicionalmente abranda.

Do outro lado da linha, o SNS24 também sentiu o pico. Registou 2844 chamadas naquela semana, um número que se traduziu num recorde de encaminhamentos: 1226 respostas orientaram os cidadãos para uma consulta de doença aguda ou para medidas de autocuidado apropriadas. A ULS destaca o impacto positivo do modelo “Ligue Antes, Salve Vidas”, que tem permitido direcionar as pessoas para o local certo, evitando deslocações precipitadas e desnecessárias aos serviços de urgência hospitalar.

Falando em urgências, os hospitais da região não ficaram imunes à vaga. Contabilizaram 4.895 episódios no mesmo período. A maior fatia, 2.826, concentrou-se nos Hospitais da Universidade de Coimbra, seguindo-se o Hospital Pediátrico com 1.240 atendimentos, o Serviço de Urgência Básica de Arganil com 425 e as Maternidades com 404. Apesar dos números elevados, a administração refere que os indicadores de desempenho melhoraram, com reduções no tempo médio de triagem e no tempo até à primeira observação médica. Melhorias que atribuem aos ajustamentos organizacionais resultantes da ativação prévia do Nível 1 de contingência nos serviços de urgência e nos cuidados primários.

Cerca de 72,9% dos utentes foram atendidos dentro dos tempos clinicamente recomendados e a taxa de abandono manteve-se residual, nos 1%. Desses atendimentos, resultaram 616 internamentos. Para fazer face à pressão sobre as camas, prosseguiu a abertura faseada de vagas dedicadas a infeções respiratórias nos HUC, estando atualmente 16 camas ativas. A ULS adiantou que, perante a evolução da procura, pondera ativar até ao final da semana o Nível 2 de contingência no Serviço de Urgência de adultos e abrir camas adicionais.

Um dado que salta à vista da análise é que 27,7% dos episódios nos serviços de urgência corresponderam a utentes com triagens de cor verde ou azul. Ou seja, cerca de um em cada três casos poderia, em teoria, ter sido resolvido com mais conforto, menos tempo de espera e melhor continuidade assistencial nos centros de saúde ou nos Centros de Atendimento Clínico. Este facto leva a ULS a reforçar, mais uma vez, o apelo ao contacto prévio com a linha SNS24.

O apelo final da instituição é para uma utilização responsável dos serviços de saúde. Ligar para o 808 24 24 24 permite um encaminhamento mais adequado – para o médico de família, centro de saúde ou Centro de Atendimento Clínico –, garantindo melhor qualidade, maior conforto e menor tempo de espera. Os serviços de urgência hospitalar devem ser reservados para situações verdadeiramente graves. A ULS agradece o empenho dos profissionais e a colaboração da população, desejando a todos um Feliz Natal, vivido com responsabilidade. Recorda que a proteção da saúde passa por gestos como a etiqueta respiratória, a lavagem das mãos e o uso de máscara quando indicado. E sublinha que a vacinação contra a gripe e a COVID-19 é a melhor forma de se proteger e proteger os outros, aliviando a pressão sobre o sistema.

PR/HN/MM