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Investigação em Enfermagem: O que está a mudar?

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A investigação em Enfermagem está a assumir um papel cada vez mais decisivo na transformação dos sistemas de saúde. Num mundo marcado pelo envelhecimento populacional, multimorbilidade e escassez de recursos humanos, a produção de conhecimento científico por enfermeiros é vista como motor essencial para alcançar a Cobertura Universal dos Cuidados de Saúde e reduzir desigualdades.

Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) têm salientado esta necessidade urgente, apontando caminhos e prioridades para a próxima década. As estratégias globais para Enfermagem e Obstetrícia 2021–2025 da OMS definiam quatro eixos prioritários – educação, emprego, liderança e prestação de cuidados – com o objetivo de assegurar formação de qualidade, oportunidades de carreira e ambientes de trabalho seguros para os enfermeiros, procurando ainda garantir o seu reconhecimento nos sistemas de saúde.

Os relatórios mais recentes da OMS, como o State of the World’s Nursing 2025, evidenciam um aumento de 27,9 para 29,8 milhões de enfermeiros em cinco anos. No entanto, também destacam desigualdades persistentes, sobretudo em regiões de baixos rendimentos. Para a investigação, isto traduz-se na necessidade de produzir evidência sobre estratégias de retenção, modelos de prática avançada, impacto económico da liderança de enfermagem e inovação em cuidados primários e comunitários, procurando assim responder às necessidades reais dos sistemas de saúde.

Este ano, o CIE apresentou uma nova definição de “enfermagem” e de “enfermeiro”, destacando a natureza científica, ética e social da profissão. O documento sublinha a responsabilidade de promover cuidados centrados nas pessoas, culturalmente seguros e sustentados em evidência, enquanto alerta para a crise global marcada pela exaustão, migração e dificuldades de retenção. Assim, investigar o impacto das condições laborais, da violência no trabalho e de programas de bem-estar organizacional emerge como um eixo crucial para garantir uma força de trabalho resiliente, alinhando-se diretamente com as recomendações da OMS, que reforça que sem ambientes dignos não há sustentabilidade possível.

Tanto a OMS como o CIE têm também convergido na identificação de três domínios estratégicos de investigação. O primeiro é a “reabilitação”, considerada componente indispensável da Cobertura Universal dos Cuidados de Saúde, exigindo estudos sobre integração de serviços, custo-efetividade e resultados funcionais. O segundo diz respeito à “saúde digital”, incluindo conceitos como a telenfermagem e a teletreabilitação, como meios para ampliar o acesso de forma segura e equitativa. Já o terceiro foca o “impacto das alterações climáticas e crises humanitárias” na força de trabalho, chamando à investigação sobre planeamento, segurança e resiliência das equipas.

Mas, mais do que produzir conhecimento ou acumular publicações, o desafio atual passa por transformar a evidência em políticas concretas de envelhecimento e de saúde, bem como em recomendações que melhorem práticas no terreno. A investigação em Enfermagem deve gerar dados úteis para governos, entidades reguladoras e comunidades, integrando indicadores reportados pelas pessoas e famílias – Patient-reported outcome measures, Patient-reported experience measures e Family-Reported Outcomes Measures –, avaliações económicas e metodologias participativas que aproximem a ciência da experiência real dos cidadãos.

A convergência entre OMS e CIE oferece uma oportunidade única: alinhar produção científica, definição de políticas e valorização profissional. Cabe agora às instituições académicas, associações profissionais e enfermeirosinvestigadores aproveitar este momento para consolidar uma Enfermagem mais visível, influente e transformadora.

A investigação em Enfermagem não é, por isso, apenas do domínio académico. Assume-se, cada vez mais, como uma ferramenta estratégica para garantir sistemas de saúde resilientes, justos e centrados nas pessoas e famílias. A OMS fornece o guia e o CIE dá a identidade e a voz global. Juntas, apontam para uma profissão com maior protagonismo no futuro da saúde.

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