
Enfermeiros cumprem hoje dia de greve em resposta às propostas “completamente absurdas” do Governo
A partir das 8 horas desta sexta-feira, entra em vigor a greve de enfermagem convocada pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), e que abrange todas as instituições do Serviço Nacional de Saúde e demais entidades públicas onde trabalham enfermeiros, no continente e ilhas.
A interrupção das negociações, com o Ministério da Saúde, para concretizar um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) é um dos principais motivos para a realização desta greve.
De acordo com o presidente do Sindepor, Carlos Ramalho, a decisão de avançar para a paralisação surge após meses de impasse nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
O dirigente sublinhou que o Sindepor, filiado na União Geral de Trabalhadores (UGT) e na Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap), não convocava uma greve há mais de dois anos, privilegiando sempre a via da negociação. Carlos Ramalho lembrou que o Governo se comprometeu a iniciar negociações em janeiro, mas só o fez em junho, apresentando propostas “completamente absurdas”.
“Não havia outra possibilidade senão recusá-las”, disse, apontando a precarização e a alteração dos horários de trabalho como pontos críticos.
Entre as medidas contestadas está a introdução da bolsa de horas e da adaptabilidade, que, segundo o dirigente, “comprometem seriamente a vida pessoal e familiar dos enfermeiros, porque nunca sabem com o que contam”. Além disso, as horas extra não seriam pagas, ficando apenas para compensação futura. “Isso não é nenhum avanço, é um retrocesso grave”, criticou.
Outro motivo da greve prende-se com o modelo de avaliação de desempenho aplicado aos enfermeiros, considerado inadequado. “Precisávamos de uma avaliação de desempenho que gratificasse e premiasse as pessoas que realmente se esforçam. Não é isso que acontece. Está feita para ser muito complexa, para não se cumprirem prazos e prejudicar os trabalhadores”, sublinhou.
O presidente do Sindepor destacou ainda a ausência de reconhecimento da enfermagem como profissão de desgaste rápido e a falta de compensação pelo risco e penosidade da atividade. “Há 30 anos tínhamos esse reconhecimento. Hoje, o Governo nem quer ouvir falar nisso, pelo contrário, vai aumentar a idade da reforma”, lamentou.
Apesar da greve, o dirigente garantiu que os serviços mínimos serão respeitados, nomeadamente nas áreas críticas como urgência, emergência, oncologia, recolha de órgãos e serviço de sangue. “Somos pessoas bastante responsáveis e tentamos fazer as coisas de uma forma séria para que a greve seja um protesto, mas não prejudique demasiado aquelas pessoas mais fragilizadas”, assegurou.
O sindicalista concluiu que a greve de 16 horas é “um primeiro sinal de protesto” e que, se necessário, poderão ser convocadas novas ações.
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