Diagnóstico sem observação médica: Urgências do Amadora-Sintra têm nova pulseira dourada

Doente poderá fazer exames de diagnóstico, iniciar terapia e até já ter resultados disponíveis antes de entrar num gabinete médico. IA permite redução de até uma hora no tempo de permanência na Urgência. 85% dos utentes da Urgência Geral deverão beneficiar do novo serviço.

O Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) iniciou esta terça-feira um projeto-piloto inédito no país para reorganizar a triagem e o percurso de parte dos doentes na Urgência.

A novidade traduz-se numa nova pulseira dourada que identifica os utentes encaminhados para um circuito automatizado, apoiado por Inteligência Artificial (IA) e destinado a casos de menor complexidade, segundo o jornal Expresso.

A pulseira dourada é atribuída após a avaliação inicial do enfermeiro de triagem, mas apenas a doentes que, pelo sistema habitual, receberiam pulseira azul, verde ou amarela e que reúnam condições para prosseguir com autonomia.

O circuito funciona, por enquanto, entre as 10h e as 20h e pretende aliviar pressão sobre o Serviço de Urgência Geral, reduzindo tempos de espera e melhorando a experiência do doente.

No novo percurso, o utente preenche um questionário clínico digital, no próprio telemóvel ou num quiosque instalado no serviço. Em cerca de 10 a 15 minutos, a informação é analisada pelo sistema, que gera uma nota clínica e uma proposta de tratamento. Essa proposta é depois validada por um médico, mantendo-se a supervisão clínica na decisão final.

Uma das mudanças mais relevantes é a possibilidade de, antes da primeira observação médica, o doente realizar exames complementares de diagnóstico e/ou iniciar terapêutica sugeridos pelo sistema. Na prática, quando entra no gabinete, pode já ter exames pedidos e realizados e, em alguns casos, resultados disponíveis — uma antecipação que, de acordo com os responsáveis, acelera o diagnóstico e o tratamento inicial.

O hospital descreve a “Via Integrada de Atendimento” como assente em algoritmos clínicos baseados em evidência científica e integrada no software da Urgência, acessível a toda a equipa médica. A plataforma, acrescenta a instituição, é um dispositivo médico certificado e cumpre padrões europeus de qualidade e segurança.

Ainda em fase inicial, o projeto estima permitir uma redução de até uma hora no tempo de permanência na Urgência para os doentes abrangidos. A avaliação global está prevista para o final de janeiro, quando se espera menor pressão associada à atividade gripal. Se os resultados forem positivos, o plano passa por alargar progressivamente o horário, com a ambição de funcionar 24 horas por dia. As contas do hospital apontam para que cerca de 85% dos utentes da Urgência Geral possam, no futuro, beneficiar deste circuito.

A medida integra um conjunto de esforços para melhorar o acesso numa das maiores urgências do país: a do Amadora-Sintra, que recebe cerca de 450 atendimentos de adultos por dia e serve uma população direta de 570 mil habitantes.