
Cirurgia robótica no Hospital de Leiria arranca em janeiro
O novo sistema de cirurgia robótica do Hospital de Santo André, em Leiria, que vai entrar em funcionamento em janeiro, vai permitir uma recuperação mais rápida dos doentes e menor taxa de complicações, foi anunciado esta segunda-feira.
Em declarações à agência Lusa, o diretor do serviço de Urologia da Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Leiria, Ricardo Borges, disse que outras vantagens do equipamento passam pela “maior precisão cirúrgica, visão tridimensional, maior destreza dos instrumentos, menor agressão ao doente, e recuperação mais rápida e internamentos mais curtos“.
Acresce “uma menor taxa de complicações, com menor risco de infeções“, além de “maior ergonomia para o cirurgião, e resultados oncológicos e funcionais superiores“, adiantou.
Segundo Ricardo Borges, o sistema robótico Da Vinci Xi é composto por três elementos: braços robóticos que estão junto do doente, uma consola do cirurgião que permite que esteja na posição sentada a controlar esses braços e com uma visão como se estivesse dentro do doente, e a torre de processamento de imagem, operações e gestão de energia.
O médico esclareceu que o equipamento “permite uma maior precisão cirúrgica, com movimentos que são muito finos, estáveis, elimina o tremor natural das mãos, e é ideal para cirurgias em zonas anatómicas complexas, como a pélvis”.
“A visão é otimizada (…) com uma ampliação até 15 vezes e permite uma melhor distinção entre nervos, vasos e tecidos nobres”, exemplificou, destacando que “aumenta a segurança, não só oncológica, mas, sobretudo, funcional, que é isso que se pretende também, uma cirurgia minimamente invasiva e que preserve a função”.
Reconhecendo que quer utentes quer profissionais de saúde são beneficiados com este sistema, Ricardo Borges assinalou que, no caso dos primeiros, há uma “menor agressão, com incisões menores, com menos perda de sangue, com menor dor no pós-operatório, com uma recuperação mais rápida, com um internamento mais curto e um retorno mais rápido também à vida normal e ao trabalho, preservando a função”.
“Quando falamos neste tipo de intervenções complexas, são, sobretudo, cirurgias oncológicas em que o que nós queremos é não só tratar a doença oncológica, mas, no final de tudo, preservar a função“, disse o diretor do serviço de Urologia, para salientar, “no caso das cirurgias prostáticas, preservar a continência urinária e a função sexual, que são um dos grandes problemas do tratamento da doença” e causador de estigma neste tipo de patologia.
Quanto ao cirurgião, “está numa posição sentada, diminui a fadiga física, permite que esteja também mais concentrado, potencia, de facto, cirurgias longas e com maior segurança“, observou.
O equipamento vai ser usado em cirurgias urológicas (próstata e rim), cirurgia geral — hepatobiliopancreática (fígado, vilas biliares e pâncreas), gastro-esofágica, colorretal e hérnias — e ginecológicas.
O médico realçou ainda a vontade dos profissionais e da ULS “em se inovar e melhorar as condições que garantem o tratamento dos seus doentes”.
Questionado sobre quando o equipamento vai começar a ser usado, Ricardo Borges afirmou que se prevê “na primeira semana de janeiro“, antecipando que o ano de 2026 será, “não só de início, mas de impulso nas cirurgias feitas por esta plataforma”, com cerca de 300 procedimentos, “mas a crescer até um potencial de 500 por ano nos próximos três anos”.
Neste momento, decorre a formação das várias equipas, cirurgiões, enfermagem, assistentes operacionais, anestesistas, esterilização e serviços de instalação de equipamentos.
Numa nota de imprensa, a ULS referiu que este investimento integra o projeto “Modernização do Parque Tecnológico da ULSRL: Cirurgia Robótica, Ressonância Magnética e Angiografia Digital”, totalmente financiado pela União Europeia, num total de 7,46 milhões de euros.
Além do robô cirúrgico, o projeto inclui ainda a aquisição de uma nova ressonância magnética e de um sistema de angiografia digital.






