
“Vai ser um inverno duro”. Nova estirpe da gripe A vai colocar mais pressão no SNS?
“Vai ser um inverno duro”. A frase é da ministra da Saúde.
Ana Paula Martins assume que a estação mais fria vai ser exigente para o SNS. Os serviços vão estar sob forte pressão.
O Explicador Renascença esclarece.
Por que é que a ministra diz isso?
Por causa de uma nova estirpe da gripe A que não está abrangida pela vacina deste ano. Isso significa que vai haver maior risco de infeção, sobretudo nos chamados grupos de risco (e os idosos são uma parte importante da população).
Logo, uma pressão acrescida sobre as urgências e os internamentos.
Por outro lado, a gripe está a surgir mais cedo do que o habitual, o que prolonga o período epidémico e aumenta a probabilidade de coincidência com outras doenças sazonais, como pneumonias, vírus respiratórios, incluindo a Covid-19.
A soma de tudo isto poderá resultar numa procura elevada e prolongada nos hospitais, o que vai exigir um reforço da resposta aos utentes.
A vacina não inclui a nova estirpe?
Porque essa estirpe só começou a circular recentemente e não foi predominante nas épocas anteriores, nem sequer no Hemisfério Sul, onde se baseia a escolha das estirpes para a nova fórmula anual da vacina.
Todos os anos, a OMS e os centros de prevenção e controlo de doenças analisam as variantes da gripe que circularam no inverno anterior e a decisão sobre as estirpes a incluir na vacina é tomada com vários meses de antecedência, porque é preciso tempo para produzir milhões de doses.
Essa é a razão para esta estirpe – H3N2 subtipo K – não ter sido incluída este ano. Só muito recentemente é que começou a ser identificada em surtos na Europa e chegou um mês mais cedo do que o habitual.
Faz sentido continuar a vacinar?
Sim, porque, apesar de tudo, a vacina atual confere proteção parcial contra esta nova estirpe da Gripe A, porque estimula os anticorpos que podem reduzir manifestações mais graves da doença.
Por outro lado, protege contra outras variantes que também circulam em simultâneo, reduzindo hospitalizações e mortalidade, sobretudo em idosos e doentes crónicos.
Que medidas estão a ser tomadas?
Desde logo, nos hospitais, está previsto um aumento do número de camas dedicadas a doenças respiratórias e uma reorganização dos serviços para absorver picos de procura. Também vai ser reforçada a resposta do INEM, com mais ambulâncias e mais equipas em zonas consideradas críticas, sobretudo no interior do país.
Depois, está prevista uma melhor coordenação entre os diferentes níveis de cuidados. Ou seja, melhor articulação entre centros de saúde, hospitais e unidades de cuidados continuados, de modo a evitar sobrecarga nas urgências.
Vai haver mais profissionais?
Sim. O Ministério da Saúde vai reforçar o quadro de profissionais de saúde para enfrentar o inverno.
O plano inclui mais médicos e mais enfermeiros para permitir a tal reorganização das escalas. Os profissionais serão contratados temporariamente durante os meses críticos de inverno, para lidar com essa pressão acrescida e para garantir uma cobertura contínua dos cuidados.
Esse reforço vai acontecer não apenas nos hospitais, mas também nos centros de saúde que terão mais recursos humanos, para evitar que os casos menos graves cheguem às urgências.
Source link

