
ULS decisivas para enfrentar pressão nos hospitais – OMS Europa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou hoje que a reforma das unidades locais de saúde (ULS) representa um passo determinante para enfrentar a escassez de médicos de família e a pressão crescente sobre os serviços hospitalares.
A chefe de gabinete do Escritório Europeu da OMS para os Cuidados de Saúde Primários, Melitta Jakab, reconheceu que a falta de médicos de família e enfermeiros afeta vários países europeus, incluindo Portugal, em declarações à agência Lusa.
A responsável falou no âmbito da cerimónia de entrega dos Prémios IMPULSO, que distinguem projetos e profissionais pela inovação e excelência no sistema de saúde português, a decorrer hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
As ULS, que passaram a integrar hospitais e centros de saúde sob uma gestão única, substituindo as Administrações Regionais de Saúde, cobrem todo o território nacional desde 01 de janeiro de 2024, num total de 39 unidades. A reorganização pretende facilitar o acesso e a articulação entre cuidados primários e hospitais.
Para Melitta Jakab, o modelo português é bastante avançado, ao promover nos cuidados primários uma abordagem em rede, com médicos de família a trabalhar em equipas multidisciplinares.
A responsável salientou que não existem soluções imediatas, mas é possível aplicar medidas de curto prazo adaptadas ao contexto nacional, complementando estratégias assentes no planeamento e na análise do setor.
Segundo a OMS, o reforço dos cuidados primários é essencial para aliviar a pressão hospitalar e aproximar as respostas das populações.
Jakab sublinhou que não é possível resolver os problemas “construindo mais hospitais”, defendendo em vez disso o reforço da capacidade dos cuidados primários. Assinalou ainda que muitos países enfrentam urgências sobrelotadas, apontando a prevenção como elemento decisivo.
A responsável alertou para desigualdades regionais, referindo que algumas zonas estão bem servidas de médicos de família e enfermeiros, enquanto noutras isso não acontece, levando as urgências a assumir funções dos cuidados primários.
Defendeu também a necessidade de envolver municípios, prestadores e serviços de saúde pública na definição de prioridades, com estruturas participativas focadas na saúde das populações.
A escassez de profissionais requer, segundo a OMS, maior valorização das carreiras e condições mais atrativas para os jovens. O reconhecimento profissional e o trabalho em equipa surgem como aspetos fundamentais, assim como a revisão das remunerações em alguns países.
Com estas reformas, Portugal destaca-se na integração de cuidados e na aposta nos médicos de família como eixo do sistema, podendo servir de exemplo a países com desafios semelhantes de envelhecimento, multimorbilidade e pressão hospitalar.
SO/LUSA
Notícia relacionada
ULS Almada-Seixal lança CRI-Fertilidade






