
Tópico da menstruação ainda estigmatizado pela geração mais jovem na Espanha, revela estudo

Crédito: Unsplash/CC0 Domínio Público
O tabu menstrual persiste. Esta é a principal conclusão de um macroestudo pioneiro em Espanha, envolvendo mais de 4.000 participantes e liderado pelo Instituto INGENIO, um centro conjunto do Conselho Nacional de Investigação espanhol (CSIC) e da Universitat Politécnica de València (UPV). Segundo a análise, 4 em cada 10 pessoas percebem a menstruação como um tema ainda estigmatizado.
Os resultados do estudo, publicado no Revista Internacional para Equidade em Saúdemostram que apenas 6 em cada 10 participantes percebem a menstruação como uma parte normal das suas vidas. Além disso, embora as mulheres na pós-menopausa relatem uma maior aceitação social, as gerações mais jovens consideram que o tabu ainda está muito presente.
Na verdade, a experiência da primeira menstruação é particularmente significativa na investigação. Muitos participantes descreveram como esse momento estava associado à sexualização e às novas expectativas sociais, que em alguns casos geram insegurança e vulnerabilidade.
Rocío Poveda, coautora do estudo do INGENIO (CSIC-UPV), explica que “a menarca não é vivenciada apenas como uma mudança biológica, mas como uma construção social que marca o início de novas restrições e percepções externas.
O estudo mostra que receber informações práticas e claras no momento da primeira menstruação é um fator significativo na normalização da menstruação e estabelece que quem recebeu esse apoio se sente mais confortável para falar sobre sua menstruação em diferentes contextos.
Além disso, o artigo conclui, com base nas opiniões recolhidas, que quando as mulheres conversam com os homens que as rodeiam sobre a menstruação, estas percebem o assunto como mais normalizado. Sara Sánchez-López, investigadora principal do estudo do INGENIO (CSIC-UPV), acredita que “os maiores avanços ocorrem quando os silêncios de género são quebrados. A capacidade de falar sobre menstruação com os homens é um indicador chave de aceitação social e um passo decisivo para quebrar o tabu”, acrescenta a investigadora.
Publicidade, filmes e livros
79% das entrevistadas do estudo afirmaram que a menstruação não aparece ou aparece com pouca frequência em séries de televisão e filmes, e 73% relataram o mesmo em relação aos livros. As inquiridas apontaram ainda a ausência da menstruação nos meios de comunicação social, como a televisão, considerando-a um acto deliberado no caso dos reality shows 24 horas por dia, e sublinharam que esta falta de representação reforça a sua invisibilidade.
A publicidade foi particularmente criticada por quem participou no estudo por mostrar imagens irrealistas da menstruação: brilhos e brilhos, líquidos azuis ou mulheres apresentadas como enérgicas, radiantes e sempre sorridentes.
“Essas representações, consideradas irrealistas e não identificáveis pelos participantes, alimentam a ideia de que a menstruação deve ser embelezada ou higienizada para ser socialmente aceitável”, explica Sánchez-López.
Impacto na autoestima e no bem-estar emocional
O estudo não só documenta a persistência do estigma, mas também destaca as suas consequências, que vão desde o impacto na autoestima e no bem-estar emocional até à invisibilidade em ambientes educacionais, culturais e de saúde. Na verdade, um estudo anterior realizado pela mesma equipa de investigação, realizado há dois anos, descobriu que apenas 5% dos entrevistados tinham recebido informações práticas na escola sobre como gerir hemorragias.
Agora, a análise também mostra como as crenças negativas sobre a menstruação podem ser usadas para desacreditar ou deslegitimar as mulheres na vida quotidiana.
“Os testemunhos recolhidos das 4.000 participantes indicam que a menstruação é por vezes utilizada para desvalorizar as suas emoções ou argumentos, levando à estigmatização e ao conflito interpessoal”, explica Santiago Moll, coautor do estudo.
Sánchez-López também afirma que o estigma menstrual “limita a presença da menstruação nos debates públicos e políticos, retarda o progresso na regulamentação e no acesso aos produtos menstruais, dificulta diagnósticos médicos adequados e perpetua mitos devido à falta de informação confiável”.
A equipe de pesquisa também inclui Dani Barrington, da Universidade da Austrália Ocidental, especialista de renome internacional em saúde menstrual e ativismo nesta área.
Mais informações:
Sara Sánchez López et al, Estigma e silêncio: o tabu menstrual na Espanha, Revista Internacional para Equidade em Saúde (2025). DOI: 10.1186/s12939-025-02630-z
Fornecido pela Universidade Técnica de Valência
Citação: Tópico da menstruação ainda estigmatizado pela geração mais jovem na Espanha, conclui estudo (2025, 17 de novembro) recuperado em 17 de novembro de 2025 em https://medicalxpress.com/news/2025-11-menstruation-topic-stigmatized-younger-generation.html
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