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Saúde oral “deixou de ser um luxo”​, mas políticas em Portugal “são quase nenhumas”

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O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas defende que o setor, que é “historicamente esquecido”, tem “muito para evoluir” e critica o Governo e o Orçamento do Estado, onde as políticas de saúde oral em Portugal “são quase nenhumas”.

Em declarações na conferência “O Poder do Terceiro Sorriso: saúde oral e longevidade em debate“, promovido pela Médis e pela Renascença, Miguel Pavão afirmou que só desde 2008 “é que começou a ser feito um caminho da saúde oral na integração” ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O bastonário lembra que existem várias formas de servir a população, como nos cuidados básicos de prevenção e nos cuidados de assistência a cáries dentárias – a doença mais prevalente em todo o mundo – e em doenças como o cacro oral.

Miguel Pavão lembrou ainda que a figura de Chief Dental Officer só foi criada na Direção Geral de Saúde há menos de dois anos e que havia desconhecimento da figura entre ministros: “Sempre que tive um primeiro contacto com um ministro da Saúde sobre a figura de Chief Dental Office, a pergunta era: ‘chief quê?’. Isso significa que a medicina dentária tem muito para evoluir”.

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Miguel Telo de Arriaga: Saúde oral tem "papel decisivo" no "envelhecimento ativo e saudável"

“Saúde oral deixou de ser um luxo”

A conferência, que incluiu a divulgação de um estudo onde é concluído que 70% dos portugueses desconhecem as consultas dentárias do SNS, teve ainda a presença do antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

O governante lembrou que no seu tempo o Governo de António Costa lançou a primeira rede de gabinetes dentários, mas defende que não deve existir uma rede pública universal de dentistas que seja “pesada e burocrática”, mas sim um núcleo central de prestação pública que evolua para uma “rede nacional de cuidados de saúde oral”, que cubra todos os portugueses, independentemente da sua capacidade financeira.

“A saúde oral há muito que deixou de ser uma comodidade, um conforto, um luxo”, afirma, lembrando o impacto na autoestima e a ligação com a saúde mental e referindo que é um “problema de saúde pública”.

Adalberto Campos Fernandes alerta ainda para uma ameaça crescente de cancro oral na população mais jovem, onde “médicos dentistas não são médicos da estética” e têm uma intervenção clínica de “grande utilidade”.

"Muitas famílias não têm capacidade financeira para suportar custos com tratamentos dentários"

Iniciativa em Braga ofereceu 100 mil tratamentos em 10 anos

No painel esteve também Ricardo Rio, ex-presidente da Câmara Municipal de Braga, que falou sobre uma iniciativa no concelho criada em 2015, em parceria com a associação Mundo a Sorrir que ofereceu mais de 100 mil tratamentos dentários a mais de 3.600 pessoas.

Com um investimento público de 2 milhões de euros, o programa “Braga a Sorrir” garantiu cuidados de saúde oral gratuitos a milhares de bracarenses em situação de vulnerabilidade social.

O antigo autarca criticou ainda que o Estado exija aos municípios a comparticipação na instalação de cadeiros nos gabinetes de saúde oral nos cuidados de saúde primários, indicando que a iniciativa em Braga “está a funcionar em pleno”.

A diretora da Mundo a Sorrir, a Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento que promove saúde oral em populações com dificuldades financeiras, adiantou que além de Braga, a iniciativa existe também no Porto, onde não há financiamento a 100%, em Alcabideche, no concelho de Cascais, e em Lisboa, onde o financiamento é parcial.

“Se fizermos as contas daquilo que podia ser gasto num consultório privado, os 200 mil euros que são gastos anualmente pela Câmara de Braga são um investimento pequeno. Se fossemos fazer todos os tratamentos numa clínica privada, os custos seriam avultadíssimos”, afirmou Cristiana Araújo, que indica que na Mundo a Sorrir a condicionante é o tempo, não a condição financeira das pessoas.

“Temos tempo para dispor ao utente e fazermos os tratamentos que são necessários. Não temos que estar a contar: ‘Tem dinheiro para fazer isto? Podemos avançar’?. Esta era a minha realidade quando trabalhava no privado, eu sentia essa limitação”, refere a responsável da Mundo a Sorrir.


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