
“Reorganização” da neonatologia não resolve o problema
Num país onde todos os anos nascem prematuramente mais de 6 mil bebés, o que a Plataforma Lisboa em Defesa do Serviço Nacional de Saúde esperava era mais investimento no SNS, com a devida valorização de carreiras para atrair e fixar trabalhadores e o fim de encerramentos cirúrgicos de respostas essenciais — como a da neonatologia do Hospital D. Estefânia.
A plataforma, constituída por sindicatos da função pública, de enfermeiros, de médicos, psicólogos e que agrega ainda comissões e movimentos de utentes, manifestou-se esta terça-feira, junto à entrada do Dona Estefânia, em Lisboa, contra o encerramento do serviço de neonatologia, rejeitando que as medidas anunciadas sejam apenas de reorganização.
“É um serviço de excelência que serve o país, a zona sul e ilhas. São 16 camas para bebés prematuros com graves problemas dos recém-nascidos e que a intenção é de encerrar, apesar daquilo que se diz, que se trata de uma reorganização”, explica Isabel Barbosa, um dos elementos da Plataforma e também dirigente do Sindicado de Enfermeiros Portugueses.
“Nós estamos a falar de um serviço num hospital pediátrico de excelência com todas as valências, de exames como TAC ou Ressonância Magnética, que são feitas neste local e que não são transportáveis”, adianta a sindicalista, que assegura que “não houve nem há intenção de alargar o serviço, ou na Maternidade Alfredo da Costa ou em Santa Maria”, unidades que não terão condições para albergar este serviço.
Por isso, quando se fala em concentração de serviços ou reorganização “trata-se de um encerramento, puro e duro”, defende Isabel Barbosa, que aguarda por uma data para uma reunião com a ULS São José, a que pertence o D. Estefânia, para saber mais pormenores sobre a intenção do governo.
Para a Plataforma, a razão do encerramento está na falta de médicos. “Sabemos que há dificuldade ou que há impossibilidade, neste momento, de fazer as escalas dos médicos. Não têm os horários dos próximos meses e, portanto, sem isso, o serviço não poderá funcionar. É essa a razão pela qual foi anunciado o seu encerramento.”
A decisão surpreendeu os profissionais que trabalham na Neonatologia, que esperavam que já estivessem a ser arranjadas soluções para que reabrissem 8 das 16 camas que estão encerradas. Porque, dizem, há soluções. “Nós queremos é que se contrate de forma imediata, seja de que forma for, para manter este serviço aberto”.
A possibilidade de encerramento deste serviço foi avançada pela comunicação social a 18 de novembro. Nesse dia, questionada pelos jornalistas, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, explicou que o fecho da unidade “não está previsto” e que o que está a ser elaborado é “um projeto de organização” da resposta.
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