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RALS 2025: Rita Rodrigues, “Literacia em saúde não se limita a transmitir informação”

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Na II Conferência da Rede Académica de Literacia em Saúde (RALS), em Viana do Castelo, Rita Rodrigues partilhou como o projeto IMPEC+ está a transformar espaços académicos. “A literacia em saúde não se limita a transmitir informação”, afirmou a coordenadora do projeto, defendendo uma abordagem que parte das reais necessidades dos estudantes. Da humanização de corredores à criação de casas de banho sem género, o trabalho apresentado no painel “Ambientes Promotores de Literacia em Saúde” mostrou como pequenas mudanças criam ambientes mais inclusivos e capacitantes.

No fim-de-semana em que Viana do Castelo acolheu o II Encontro da Rede Académica de Literacia em Saúde (RALS), uma das salas viu juntar-se um grupo de participantes para escutar o painel “Ambientes Promotores de Literacia em Saúde”. A conversa, que se esperava técnica, rapidamente ganhou o calor de quem trouxe histórias de campo. Rita Rodrigues, enfermeira e coordenadora do projeto IMPEC+, não se limitou a descrever estratégias ou a apresentar estatísticas. Trouxe consigo o relato vivo de um processo que, confessou, a transformou tanto ou mais do que transformou o contexto onde interveio.

O IMPEC+ – que significa Intervenção na Produção de Estilos de Vida e Cidadania – nasceu, contou, de um festival e de um questionário. “Ainda só vamos a meio dos projetos”, terá dito um orador anterior, mas o tom de Rita era o de quem já percorreu um longo caminho. O diagnóstico partiu dos próprios estudantes, e as necessidades que eles apontaram surpreenderam pela sua natureza transversal: não só questões de saúde física, mas sobretudo carências ao nível da inclusão, da participação, da autorregulação. Havia, disse, um sentir generalizado de solidão.

A resposta foi sendo construída peça a peça, quase de forma artesanal. A “reparação de pares” surgiu como um dos eixos, um nome um pouco formal para uma ideia simples: criar pontes entre os jovens para que partilhassem experiências e, com isso, ninguém se sentisse tão sozinho. Depois, as “conversas temáticas”, que ela descreveu como “passos de diálogo” sobre assuntos que os próprios consideravam prementes. E ainda os workshops de estilos de vida, que iam além da transmissão de informação, procurando antes oferecer ferramentas práticas.

Mas talvez a mudança mais visível, aquela que qualquer pessoa pode constatar ao passar por um certo corredor da escola, tenha sido a humanização dos espaços. “Era completamente branco”, recordou, “e neste momento tem arte”. É um pormenor que poderia parecer secundário, mas que ela carregou de significado: a criação de ambientes fisicamente mais acolhedores e inclusivos, que valorizem a expressão e a diversidade, não é um mero acessório. É condição para que tudo o resto possa florescer.

O projeto, porém, não se conteve. Funcionou como um motor que desencadeou outras iniciativas. Rita mencionou, com um entusiasmo, o projeto “Emocionalmente”, desenvolvido em 2021, que visava fortalecer a inteligência emocional dos estudantes de enfermagem. E aí, a sua fuga a um registo puramente técnico foi flagrante: “Saí em alta e comichou o Coração. A forma Como Eu saí com este projeto…” – uma pausa, uma emoção não totalmente verbalizada que disse mais do que qualquer relatório.

Em 2023, outro fruto: o projeto “petúnia”, liderado por estudantes, que venceu um concurso do IPVC e que se dedica à inclusão da comunidade LGBT+ no ensino superior. Aí, a descrição tornou-se mais concreta: casas de banho sem género implementadas em todas as escolas, formação para docentes e não docentes, um manual de linguagem inclusiva para profissionais de saúde. São conquistas tangíveis, que mostram como uma semente lançada num festival pode ramificar-se em políticas institucionais efetivas.

No final, a reflexão foi pessoal e profunda. Rita Rodrigues afirmou que todo este percurso “aumentou a minha consciência social no sentido de empatia”. Percebeu, disse, que a literacia em saúde “não se limita a transmitir informação”. Trata-se, isso sim, de “participar com as pessoas”, de as acompanhar num processo de compreensão, reflexão e tomada de decisões conscientes. E isso, defendeu, começa precisamente nos contextos académicos, quando estes se tornam “espaços inclusivos, espaços participativos”.

“Fizemos um pé, nunca foi, nem nunca será que é nesse um projeto?”, questionou, numa frase com uma sintaxe algo quebrada que, no entanto, transmitia a sua ideia central: o IMPEC+ não é um produto acabado, é um processo de aprendizagem e transformação contínua. Um processo que, garantiu, a tornou “uma pessoa mais consciente, mais empática e mais compreendida”. O “como assim” ficou no ar, sem ponto final, talvez porque estas histórias de transformação, felizmente, estão sempre por acabar.

 

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