
Presidenciais: Onde seis candidatos se situam ideologicamente e o que querem fazer em Belém
O posicionamento ideológico, o que fariam no cargo de Presidente de República e a nomeação de um Governo liderado pelo Chega foram temas transversais abordados pelos candidatos às eleições de 18 de janeiro nas entrevistas à Lusa.
Nas entrevistas que seis candidatos presidenciais, até ao momento, deram à Lusa, foram abordados o posicionamento ideológico, com o apelo ao centro de Henrique Gouveia e Melo, a afirmação de “independência” por parte de António José Seguro e João Cotrim Figueiredo e a “disputa” à esquerda entre Catarina Martins, António Filipe e Jorge Pinto.
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Quem é da esquerda?
O debate sobre quem é o verdadeiro candidato da esquerda marcou as entrevistas de António Filipe e Catarina Martins, que rejeitarem terminantemente desistir a favor de António José Seguro, ao contrário de Jorge Pinto, que fez depender essa possibilidade de uma clarificação ideológica por parte do antigo secretário-geral socialista. O candidato apoiado pelo Livre disse entretanto que pretende manter a candidatura até 18 de janeiro.
“O candidato de esquerda sou eu”, assegurou António Filipe, candidato apoiado pelo PCP, na entrevista à Lusa, antes de afirmar que Seguro “está mais próximo do posicionamento” de Luís Marques Mendes do que do seu.
Também a antiga coordenadora do Bloco defendeu que havia “um espaço de esquerda” que “não estava representado na corrida presidencial”. “E também acho muito sinceramente que era preciso uma mulher nesta campanha eleitoral”, acrescentou.
Jorge Pinto, contudo, admitiu na entrevista desistir da corrida a Belém a favor de Seguro perante determinadas condições: que o candidato se assuma de esquerda e esteja alinhado com o “pacto republicano” que propôs, em áreas como a saúde ou a habitação.
“Julgo que António José Seguro será de esquerda: é antigo secretário-geral do maior partido de esquerda da nossa democracia. Se ele tem vergonha de ser de esquerda, ou se acha que ser de esquerda é ser colocado numa gaveta, o problema é dele”, criticou o candidato apoiado pelo Livre.
Seguro sublinha “natureza independente”
Se Filipe e Martins reclamam o título de melhor candidato à esquerda, Seguro garante que a “natureza independente” da sua candidatura não vai mudar por ter o apoio do PS, embora assuma que foi importante Pedro Nuno Santos ter colocado o seu nome entre os presidenciáveis.
“Foi muito mais determinante para fazer com que algumas pessoas viessem a dizer que me apoiavam, a incentivar para me candidatar e talvez algumas pessoas que nunca tivessem pensado na possibilidade de eu ser candidato a Presidente da República”, admitiu.
Já Cotrim Figueiredo, apoiado pela IL, assumiu querer cativar abstencionistas, indecisos e eleitores que vão do Chega ao PS, visando passar à segunda volta. .
“O meu valor eleitoral — a minha base são as europeias, foi a última vez que fui a votos — é 9%. Quanto é que é necessário para passar à segunda volta? Ninguém tem a certeza. Será 20%, 21% ou 23%? Não sei. Portanto, esse espaço que me separa dos 22% para os 9%, eu tenho que ir buscar 13% a estes 60% que estão livres. Não é impossível”, avaliou Cotrim Figueiredo, assumindo o objetivo de passar à segunda volta.
Gouveia e Melo não renegou o seu passado militar, do qual diz ter orgulho e que entende ser “uma mais-valia”, mas apresenta-se como “um civil” e ao centro.
Confessando que a tese sobre a existência de perigos por ser militar o “aborrece”, o ex-chefe do Estado-Maior da Armada apontou Mário Soares como o Presidente da República de que mais gostou, “até como ser humano”, e demarcou-se dos primeiros chefes de Estado da democracia portuguesa, António de Spínola e Costa Gomes, ambos militares.
Dissoluções e um governo do Chega
Numa entrevista em que defendeu que Marques Mendes ficará “com uma dívida ao PSD”, que “vai ser-lhe cobrada” caso seja eleito, criticou Marcelo Rebelo de Sousa por ter dissolvido o parlamento quando o PS tinha uma maioria absoluta: “Os ciclos curtos de governação não resolvem os problemas do país”.
Também Catarina Martins se distanciou do atual Presidente, prometendo não recorrer a essa opção devido a chumbos do Orçamento do Estado, tal como Seguro, para quem a dissolução do parlamento é “o último dos últimos recursos”.
Os candidatos divergem, contudo, na possibilidade de darem posse a um executivo do Chega, com Seguro a assegurar que não se vai “substituir aos tribunais”, porque são esses que verificam a constitucionalidade e legalidade dos partidos.
“Não alinho em golpes constitucionais. Um democrata, eu sou um democrata, respeita a voz do povo. Então o povo diz-me uma coisa e eu faço outra na Presidência da República?”, questionou Seguro, que, contudo, advertiu que, caso seja eleito, exigirá, no processo de formação dos governos, garantias do cumprimento de regras de transparência e princípios éticos.
“Vou ser um Presidente constitucional e exigirei uma dimensão ética à prova de bala”, prometeu.
Também Cotrim Figueiredo garante que trataria um Governo do Chega como o de qualquer outra cor política.
A mesma “toada” foi seguida por Jorge Pinto, que garantiu que a sua interpretação dos poderes constitucionais será a mesma ganhe o partido de Ventura ou outro, clarificando ainda que dissolveria o parlamento apenas se o país estivesse perante uma “revisão drástica” da Constituição feita pela direita e extrema-direita, que comprometesse “liberdades, direitos e garantias”.
António Filipe afirmou que procuraria evitar dar posse a um Governo liderado ou com a participação do Chega, mas que, se não tivesse outra solução, ficaria vigilante para garantir que não viola a Constituição, Martins foi perentória: “Comigo Presidente, o Chega nunca será Governo”.
As eleições para Presidente da República realizam-se no dia 18 de janeiro.
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