
“O termo stress banalizou-se como algo negativo, mas o stress nem sempre é mau.”

A professora e investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) Patrícia Monteiro defende, em declarações à Renascença, que “o termo stress banalizou-se como algo negativo, mas o stress nem sempre é mau”.
Nesta quarta-feira em que se assinala o Dia da Consciencialização do Stress, Patrícia Monteiro, que integra uma equipa que estuda os efeitos colaterais do stress crónico e investiga o que pode ser feito para reverter as consequências dessa condição, diz que “o problema surge quando esta resposta é ativada durante demasiado tempo e, isso sim, é o que acontece no stress crónico, quandoo corpo e o cérebro permanecem em estado de alerta constante mesmo em momentos sem uma ameaça real”.
“Viver num ambiente constante de instabilidade, de grande adversidade, de exigência emocional prolongada” são algumas das causas que a investigadora aponta como responsáveis pelo desenvolvimento do stress crónico. O maior problema está nas consequências que esta condição traz para a vida das pessoas, nomeadamente “efeitos negativos para a saúde física e mental como ansiedade, dificuldade de memória, alterações do sono, problemas cardiovasculares”.
Apesar de graves os efeitos desta condição, eles podem ser reversíveis. Patrícia Monteiro refere que alguns estudos sugerem que “dormir bem e manter prática regular de exercício físico pode ajudar e até restaurar esta função pré-frontal”, a região do cérebro mais afetada por esta condição.
O estudo da FMUP ainda se encontra numa fase experimental. “Ainda está em “fase pré-clínica, com modelos animais, mas isso já permitie explicar por que motivo é que o stress pode piorar sintomas motores em doenças, como, por exemplo, a síndrome de Tourette, e como é que o stress altera o cérebro e pode estar na base de tiques ou comportamentos compulsivos”, explica a investigadora.
“Os nossos estudos ajudam também a explicar por que motivo o stress pode levar a dificuldades em tomar decisões ou lidar com emoções”, acrescenta.
Os resultados da investigação, apesar de iniciais, são promissores “porque identificam potenciais alvos moleculares para terapias futuras”.
“Se se conseguirmos, no futuro, modular estas proteínas de forma seletiva ,podemos, de facto, ajudar a restaurar o equilíbrio perdido nestes circuitos cerebrais afetados pelo stress”, remata Patrícia Monteiro.
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