
O que mostram os números da Saúde? Tempos de espera em queda e subida dos internamentos sociais
O Relatório de Avaliação de Desempenho e Impacto do Sistema de Saúde (RADIS) faz um retrato do SNS em Portugal e aponta para falhas graves na articulação entre saúde e respostas sociais com impacto direto nos internamentos sociais, que aumentaram 20% entre 2023 e 2024, enquanto os custos quadruplicaram.
O que mostram os números?
Que quase seis em cada dez portugueses têm uma dupla cobertura de saúde. Ou seja, além do Serviço Nacional de Saúde e eventuais subsistemas como a ADSE, ainda pagam seguro.
Em 2012, cerca de 20% dos pacientes tinham esta dupla cobertura. No ano passado, a percentagem era de 58%.
E os tempos de espera na saúde?
Está em queda o número de consultas realizadas dentro do tempo máximo de resposta garantido. Em 2023, cerca de 54% das consultas foram realizadas dentro deste intervalo considerado normal para uma consulta.
No ano passado caiu 5%, com menos de metade das consultas a serem dadas a tempo pelo SNS.
O relatório alerta que os atrasos podem ser também um novo fator de pressão para o SNS, porque quanto mais tarde forem detetadas certas doenças, mais complexos ser os casos para depois tratar.
Nas cirurgias, o caso melhorou ligeiramente, com cerca de dois terços dos doentes a serem operados dentro do prazo legal, um valor que volta aos níveis pré-pandemia.
E os portugueses sem médico de família?
O indicador melhora ligeiramente em relação a 2023, altura em que mais de 16% da população não tinha um médico de família atribuído.
O número de utentes nesta situação em 2024 diminui 2%, mas a meta de atribuir um clínico a cada pessoa no SNS está ainda bem longe de ser atingida.
Neste momento, mais de um milhão e meio de pessoas continua sem um médico de família atribuído, que no fundo é quem acompanha o utente no SNS e encaminha os doentes para as várias especialidades.
E os internamentos sociais?
Há um aumento dos doentes que têm alta, mas que não têm onde ficar e por isso ficam no hospital. Os chamados internamentos sociais aumentaram 20% entre 2023 e o ano passado.
João Condeixa, coordenador do relatório, vinca que estes casos têm um duplo efeito, porque aumentam os custos dos hospitais e ao mesmo tempo não permitem que as camas sejam libertadas para novos doentes.
As razões deste problema é a falta de meios, mas também o aumento da procura de cuidados de saúde devido ao envelhecimento da população
Além dos pedidos de maior investimento na área da saúde, há sempre o debate em torno de soluções de organização do próprio SNS. Esta quarta-feira a Associação de Administradores Hospitalares defendeu mudanças no acompanhamento dos doentes.
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