
Liga Portuguesa Contra o Cancro: “Portugal precisa de passar da teoria à prática na defesa dos direitos dos doentes oncológicos”

O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Vítor Veloso, considera que Portugal continua longe de garantir os direitos dos doentes com cancro.
“Está tudo muito teórico ainda e muito pouco em prática. Muitos doentes, além da sua doença, acabam esquecidos, sem acesso aos direitos que a lei já prevê”, diz o médico à Renascença, nesta sexta-feira em que começa, no Porto, o VI Congresso Nacional de Prevenção Oncológica e Direitos dos Doentes.
“Portugal precisa de passar da teoria à prática na defesa dos direitos dos doentes oncológicos”, enfatiza.
A LPCC disponibiliza assessoria jurídica gratuita para apoiar quem enfrenta dificuldades no acesso a esses direitos, mas o dirigente admite que “ainda há muitas situações em que não há resolução adequada”. Ainda assim, garante que a LPCC “vai continuar a lutar, mesmo quando as lutas parecem inglórias”.
Um dos temas que mais preocupa a LPCC prende-se com os tempos máximos de resposta garantida, que continuam a ser ultrapassados em mais de metade dos casos. “O cancro não espera. Quando os tempos de resposta não são cumpridos, doenças curáveis tornam-se incuráveis. É uma situação penosa e que preocupa profundamente a Liga”, sublinha.
A demora na implementação dos novos rastreios do cancro do pulmão, da próstata e do estômago é outro dos pontos críticos. “Mais uma vez, há uma demora que retarda aquilo que a Europa considera fundamental – a prevenção. É uma das chaves para reduzir casos e melhorar os tratamentos”, enfatiza Vítor Veloso.
Entre as principais reivindicações está a criação de baixas pagas a 100% para doentes oncológicos, medida que a Liga considera “uma questão de justiça e dignidade”.
“Foi dado um passo apenas para os pais de crianças com cancro, mas falta tudo para os adultos. É evidente que quando ficam com uma baixa de 60%, já não só é o problema do cancro que destrói completamente uma família”, alerta
O aumento do número de portugueses com seguros e planos de saúde não é, para o presidente da LPCC, um sinal de desconfiança no Serviço Nacional de Saúde, mas sim “uma alternativa para quem pode pagar”. No entanto, Veloso avisa que “quando surgem doenças graves, esses seguros não cobrem as situações e os doentes acabam por recorrer ao público”.
O congresso da LPCC decorre em simultâneo com o encontro europeu da Association of European Cancer Leagues (ECL), que reúne as principais ligas europeias de luta contra o cancro. Vítor Veloso considera que Portugal “tem sido um bom aluno”, mas avisa que o país “não pode baixar os braços”.
“Pedimos ao Governo que tome em mãos esta situação, porque é dolorosa e perigosa para os doentes com cancro. Quanto mais cedo um cancro for tratado, mais fácil e mais económico é o tratamento. Tratar tarde sai sempre mais caro – para o doente e para o Estado”, remata o presidente da LPCC.
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