
Igreja alerta que discriminação se tornou aceitável “na esfera pública e política”
A Igreja Católica considera existir uma degradação da opinião sobre os migrantes, especialmente entre os mais jovens, fruto da eficácia da comunicação de grupos extremistas, e destacou que “a discriminação tornou-se aceite na esfera pública e política”.
“Existe uma degradação da opinião sobre os migrantes no espaço público. A discriminação tornou-se aceite na esfera pública e política, o que resulta na normalização e vocalização de comentários depreciativos e narrativas incorretas sobre comunidades migrantes“, lê-se nas conclusões do I Fórum Migrações, uma organização da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que decorreu em Fátima.
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Segundo o documento, entregue aos jornalistas após o fórum, a “degradação é especialmente aguda entre os mais jovens, particularmente como fruto de uma maior eficácia da comunicação de grupos extremistas”.
As conclusões reconhecem as “dificuldades dos migrantes no acesso à habitação digna, aos cuidados de saúde e à educação”, além das dificuldades “de comunicação e articulação entre as várias entidades eclesiais e civis que trabalham com migrantes e refugiados”.
O documento alerta também para os desafios “no acesso ao reagrupamento familiar” por parte dos imigrantes, o que “é uma ameaça à garantia da dignidade da pessoa humana“, além de comprometer a coesão social.
“Não há estrangeiros, são todos irmãos e irmãs”
O primeiro Fórum Migrações nasce com o objetivo de sensibilizar as comunidades cristãs para o fenómeno migratório. Uma das ideias que sai deste encontro é o papel protetor que a Igreja considera que deve ter juntos dos migrantes.
À saída dos trabalhos, em declarações aos jornalistas, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. José Traquina, refere que “em síntese está a valorização da pessoa humana como força da mensagem cristã e o reconhecimento da fraternidade humana”.
“Para nós, Igreja, não há estrangeiros, são todos irmãos e irmãs, quando celebramos a Santa Missa estamos em comunidade cristã”, sublinha D.José Traquina.
“Esta atividade fraternal responsabiliza-nos no sentido do encontramento, do acolhimento e, portanto, colaborarmos naquilo que é possível, naquilo que pudermos fazer nesse acolhimento das pessoas, de modo a que se sintam bem”, sublinha.
No Fórum das Migrações esteve também presente a diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações. Eugénia Quarema, que recorda a importância da reconciliação histórica: “isso foi falado, muito falado, a reconciliação histórica”, adverte.
Eugénia Quaresma considera que é importante que os portugueses não percam a memória relativamente ao tema da migração.
“Os portugueses lá fora têm esta experiência de levarem um bocadinho da sua terra, influenciarem o ambiente onde estão e trazerem para Portugal, e isto acontece com os migrantes que estão a chegar”, explica.
Eugénia Quaresma defende que é preciso “olharmos com naturalidade para a mudança que as migrações trazem e salvaguardar os princípios e os valores que nos humanizam”.
No Fórum Migrações organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa, este sábado em Fátima, marcaram presença cerca de 70 participantes das dioceses portuguesas.
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