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Grupo Vita. “Há escolas onde só quando surge suspeita de abuso se pensa nos procedimentos”

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“Há escolas onde parece que, cada vez que há uma suspeita [de abuso], é a primeira vez que todos pensam sobre aquilo”. Rute Agulhas, psicóloga e coordenadora do Grupo Vita, lamenta que, no terreno, ainda exista muita falta de formação junto de quem trabalha com crianças e aponta o dedo à falta de articulação entre entidades.

“Na semana passada recebi um telefonema de uma escola que me dizia: ‘Acho que temos aqui uma situação de abuso sexual e vamos investigar’”, adianta, garantindo que ficou perplexa. “A escola não investiga, tal como um professor não faz uma intervenção cirúrgica. É importante confiarmos uns nos outros e ter modos de articulação muito claros. Há contexto em escolas onde parece que, cada vez que há uma suspeita, é a primeira vez que todos pensam sobre aquilo. Não temos um mecanismo de atuação pensado”, lamenta, numa conferência promovida pela UNICEF onde se debateram os direitos das crianças e os desafios.

“Tendemos a remediar, e tarde. A intervenção com as famílias é feita de forma desarticulada, não tendo em atenção muitas vezes o tempo da criança”, acrescenta a psicóloga, que defende uma avaliação “mais rigorosa” de cada família para que se perceba bem o potencial de mudança, “para que uma criança seja bem acolhida e integrada”.

Já o subintendente da PSP, Miguel Maio, considerou, na mesma conferência, que “só quando olharmos para a violência contra crianças, e outras formas de violência – como uma pandemia, quando estivemos todos focados e canalizados parta uma resposta integrada – podemos ter solução com resultados práticos”.

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Lembrando que a violência é um fenómeno dinâmico, e ainda mais com o mundo global e a digitalização em que vivemos, “todas as medidas e políticas públicas são morosas”.

E faz mesmo uma analogia: “se numa viagem em que nos enganamos no trajeto, o GPS recalcula a rota, a sociedade e as instituições, para recalcularem a rota, levam muito tempo e as medidas, entre serem desenhadas e a sua aplicação, chegam ao terreno já numa realidade diferente”.

O diagnóstico, considera, está feito. “Temos de avançar para a ação para depois conseguirmos chegar à fase de avaliação, porque a sociedade não espera”, defende.

A importância dos canais de denúncia é “extrema”, diz o subintendente Miguel Maio, que acredita que “de nada servem” se não houver uma maior aliança nos mecanismos de resposta.

E relatou um caso, para exemplificar. “Tivemos o caso de uma mãe e um pai em litígio por causa do poder paternal. Um vivia em Setúbal, outro em Almeirim. A criança estava entregue ao pai em Setúbal e a mãe decide levar a criança para Almeirim. Inscreveu-a na escola em Almeirim, a matrícula foi aceite e estava a confusão montada”, relata. “Isto ajuda a percebermos que a informação nem sempre é partilhada: neste caso, nem a escola, nem o tribunal, nem a PSP e a GNR tinham informação partilhada”, explica.

O encontro terminou com a intervenção da antiga ministra da Saúde
socialista, Maria de Belém Roseira, que sublinhou a importância das instituições
trabalharem cada vez mais de forma articulada e saírem à rua para contactar
diretamente com os envolvidos nos processos, saindo dos gabinetes onde, muitas
vezes, se definem soluções iguais para todos, quando a realidade mostra que cada
caso é um caso.

A conferência “A infância entre fronteiras e desafios, que caminho seguir?”, decorreu esta quarta-feira, no CCB, em Lisboa.


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