
“COP30 pode terminar sem acordo”, admite negociadora portuguesa do Parlamento Europeu
O cenário de “não-acordo” na COP30 é “muito real” e está “em cima da mesa”. Quem o admite é a eurodeputada portuguesa Lídia Pereira, que lidera a delegação do Parlamento Europeu à COP30, em declarações exclusivas à Renascença.
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A parlamentar portuguesa revela que as negociações não estão a correr bem, devido a “vários bloqueios” de países árabes. “Os compromissos da mitigação estão a ser amplamente revisitados e questionados por delegações, nomeadamente pelo grupo dos países árabes. O Brasil não está a assumir aqui a sua responsabilidade e a ter aqui uma atitude mais atrativa na conciliação das várias perspectivas”, denuncia Lídia Pereira à entrada para o último dia de negociações da COP30.
A eurodeputada eleita pelo PSD afirma que as questões relacionadas com a mitigação das alterações climáticas “estão neste momento a ser o ponto de bloqueio mais preocupante”, apesar de se presumir que este domínio já estaria consolidado na negociação global da COP30. “Esperava-se que [este ponto] já tivesse sido ultrapassado, porque, de facto, nos últimos dias houve um progresso significativo em algumas matérias”, reconhece Lídia Pereira, que admite que a União Europeia poderá tomar uma posição de força nas horas finais de negociação.
“Em COPs anteriores, a União Europeia mostrou uma posição musculada quando houve uma hesitação relativamente ao texto no abandono da utilização dos combustíveis fósseis. Creio que poderemos estar uma vez mais perante esse cenário”, admite a eurodeputada do PSD envolvida na negociação da COP30 pelo bloco europeu.
Incêndio não ajudou as negociações
A eurodeputada confessa que a pausa nas negociações, motivada por uma evacuação devido a um incêndio na COP30, “não veio ajudar às negociações”. O material de trabalho da delegação do Parlamento Europeu, incluindo computadores, passaportes e mochilas pessoais, ficou dentro do gabinete no momento em que foi dada a ordem de evacuação.
“Não tivemos sequer tempo de pegar nas nossas coisas. Alguns de nós tiveram alguma dificuldade em aceder aos seus alojamentos”, revela a parlamentar portuguesa, que procura criar condições para retomar o trabalho. Sem documentos oficiais, os eurodeputados não conseguem regressar à Europa.
“Apesar de uma certa desorganização nos momentos da evacuação, as autoridades conseguiram estabilizar e responder rapidamente ao incêndio”, relata Lídia Pereira.
COP30 reaberta, 21 pessoas assistidas
As autoridades brasileiras restabeleceram as condições de operação no espaço da conferência às 20h40 locais (23h40 em Portugal Continental). De acordo com a organização, não estão previstas atividades plenárias durante esta noite.
“As sessões plenárias de amanhã serão abertas às Partes e transmitidas online”, pode ler-se no comunicado que informa que as autoridades brasileiras obtiveram o alvará de funcionamento do Corpo de Bombeiros e devolveram a área às Nações Unidas. A zona afetada pelo incidente ficará isolada até à conclusão da conferência.
O Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde informa que 21 pessoas foram assistidas pelas autoridades. Destes casos, 19 estão relacionados com inalação de fumo e ainda duas pessoas foram atendidas devido a crises de ansiedade.
“Não houve registo de pessoas feridas pelas chamas com queimaduras. Os pacientes foram atendidos prontamente e 12 já deixaram de receber atenção médica. Os demais estão a receber assistência adequada nos serviços de saúde de Belém, numa unidade de referência para estes casos”, avançam as autoridades.
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