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Comunicar sem Voz: Uma Resposta Digital ao Silêncio Clínico

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Um silêncio forçado, carregado de perguntas sem resposta e de uma dor que não consegue ser descrita. Esta é a realidade quotidiana enfrentada por doentes internados no serviço de Otorrinolaringologia (ORL) da ULS Braga que, devido a procedimentos como laringectomias ou traqueostomias de emergência, perdem a capacidade de falar. A impossibilidade de comunicar verbalmente gera um desamparo que contamina toda a experiência clínica.

“O pós-operatório é um período de enorme vulnerabilidade. Para estes doentes, a frustração e o medo agravam-se porque não têm como participar ativamente no seu próprio processo de cura”, descreve Sofia Osório, Enfermeira Gestora do Serviço de ORL da ULS Braga. A angústia, segundo a profissional, não se circunscreve à impossibilidade de dialogar; estende-se a algo mais básico, como pedir um copo de água ou sinalizar uma mudança na intensidade da dor.

A equipa de enfermagem, confrontada com as limitações dos métodos tradicionais como o papel e a caneta – muitas vezes inacessíveis devido ao estado debilitado dos utentes –, procurou uma solução que fosse além do gestual ou do olhar. A resposta materializou-se no projeto ‘Comunicar sem Voz’, que adotou a aplicação MagicContact. Desenvolvida pela Fundação Altice em parceria com a Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC) e o aTOPLab do Politécnico de Leiria, esta ferramenta de Comunicação Aumentativa e Alternativa é disponibilizada gratuitamente.

A aplicação, já em utilização no serviço, funciona através de tablets. A sua interface, desenhada para ser intuitiva, apresenta um conjunto de pictogramas e frases pré-definidas que cobrem desde necessidades fisiológicas até questões emocionais. Um doente pode, com um toque, indicar que sente frio, onde localiza uma dor ou simplesmente que se sente assustado. Este canal, embora não restaure a voz natural, quebra o isolamento imposto pela condição clínica.

Mais do que um artefacto tecnológico, a iniciativa representa uma mudança de paradigma na abordagem ao doente crítico. A ferramenta não pretende ser uma varinha mágica, mas sim um instrumento que devolve uma réstia de controlo a quem o perdeu subitamente. Ao facilitar a interação, a ULS Braga procura atenuar os picos de ansiedade e fomentar uma autonomia que se afigurava perdida. A humanização dos cuidados, neste contexto, passa inevitavelmente por garantir que nenhum utente fica sem meios para se fazer entender.

A informação sobre a aplicação MagicContact pode ser consultada no site da Fundação Altice Portugal.

PR/HN

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