
Centenas de pessoas marcham em Lisboa pela saúde e segurança das mulheres

Centenas de pessoas estão a manifestar-se hoje em Lisboa para protestar contra o estado do setor da saúde, “devastador” para as mulheres, e exigir mais segurança para as vítimas de violência doméstica.
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“Neste momento, o estado da saúde sexual e reprodutiva em Portugal é absolutamente devastador e inaceitável. As mulheres veem-se a parir na rua, sem condições, a parir às portas dos hospitais e, portanto, nós estamos aqui não só pela violência doméstica, mas, por exemplo, por todo o tipo de violência de género contra as mulheres”, disse a porta-voz da iniciativa, Dejanira Vidal, no início da Marcha pelo Fim da Violência Contra as Mulheres.
A marcha, com a presença de homens e mulheres de todas as idades, começou cerca das 19h00, com concentração no Largo do Intendente, para assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.
Os participantes empunhavam cartazes com mensagens como “Fim da impunidade para os agressores” e outras em defesa das mulheres vítimas de agressão.
A manifestação, ao som de tambores e com palavras de ordem como “Meteram-se com uma, meteram-se com todas”, seguiu em direção ao Martim Moniz, terminando no Rossio.
A presidente da associação Feministas em Movimento (FEM), Elizabeth Brasil, que participou na organização da marcha, destacou que há mais mulheres em casas de abrigo do que agressores presos.
“Os agressores aguardam uma justiça que é lenta, que tarda e que muitas vezes não chega”, afirmou à Lusa.
A porta-voz da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), Maria João Vilhena, sublinhou a importância de assinalar a data, recordando que este ano foram assassinadas 24 mulheres.
“A violência doméstica é uma violência de género, sobretudo é uma violência que continua a matar”, afirmou Vilhena, alertando para a necessidade de chamar a atenção social para o problema, “para que as coisas melhorem no futuro”.
Para a manifestante Isabel Vermelho, é essencial sair à rua para protestar e reivindicar os direitos das mulheres, numa luta que se prevê prolongada.
“Existe ainda um longo caminho pela frente para combater a violência” contra as mulheres, disse à Lusa.
Já Fernando Gomes, outro manifestante, defendeu que “os direitos básicos da mulher são os direitos básicos do ser humano”.
No início do evento esteve presente a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, que alertou para o facto de que “as mulheres ainda são vistas de uma forma diferente, muitas vezes ainda como propriedade, de forma a justificar actos de violência ou de agressão”.
A marcha terminou por volta das 21h00 no Rossio, com discursos e a evocação dos nomes de mulheres assassinadas este ano. Marcaram presença o candidato presidencial do Livre, Jorge Pinto, e a deputada do mesmo partido, Isabel Mendes Lopes.
“Não é normal nem aceitável que nas suas próprias casas [as mulheres] continuem a ser vítimas diariamente de violência”, declarou Jorge Pinto.
A PSP revelou hoje que, este ano, registou quase 15.000 queixas de violência doméstica e deteve 1.157 suspeitos deste crime, metade dos quais em flagrante delito.
Segundo a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), a violência contra as mulheres e raparigas continua a ser uma das violações dos direitos humanos mais frequentes e generalizadas no mundo.
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