
Visita do Papa ao Líbano vai ter “grande impacto” na comunidade cristã e na região
A responsável pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) em Portugal considera que a visita do Papa Leão XIV ao Líbano terá um “grande impacto” junto da comunidade cristã e em todo o Médio Oriente.
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“O Líbano é, de facto, um país especial, pela sua composição em termos de comunidades. A proximidade do Papa vai ter um impacto muito, muito importante junto dos jovens e da comunidade cristã. Vai dar-lhes coragem para continuar, apesar das dificuldades que têm no dia-a-dia”, afirma Catarina Martins Bettencourt à Renascença.
O êxodo de muitos cristãos do Líbano coloca em causa o equilíbrio político que o país tem mantido até agora. A visita de Leão XIV poderá contribuir para preservar esse modelo de convivência e partilha de poder.
“Há uma divisão de poderes em que o Presidente é um cristão, o Presidente da Assembleia da República é um xiita, e o Primeiro-Ministro é um sunita. Mostrar que é possível esta convivência, haver esta divisão dos poderes pelas várias comunidades que são representativas do país, é um sinal também para o mundo árabe, e isso não se pode perder. Porque, com a diminuição da presença da comunidade cristã neste país do Médio Oriente, este equilíbrio de poderes políticos tem sido colocado em causa. Por isso, a visita do Papa pode mostrar que, de facto, aquela comunidade é importante, faz parte da história do Líbano”, defende a diretora da AIS em Portugal.
Nos últimos anos, o país enfrentou desafios severos, com especial impacto sobre os cristãos.
“Não são só dificuldades económicas, que têm havido muitas, é também a discriminação e a perseguição, a chegada de muitos refugiados. Aconteceu tanta coisa nos últimos anos que, de facto, a comunidade cristã foi saindo, e hoje é uma comunidade que precisa, de facto, desta visita, para lhes mostrar que o Papa está com eles, que a comunidade cristã de todo o mundo está com eles. Por isso, penso que vai ter um impacto muito positivo”, sublinha Catarina Bettencourt.
A responsável recorda que, num país em crise económica profunda, são os cristãos que asseguram muitos serviços essenciais, sobretudo nas áreas da saúde e da educação.
“Temos que perceber que o Líbano é um país que, em termos governativos, é caótico, com uma crise financeira muito grande, e por isso o próprio Estado deixou de ter capacidade de dar a parte de educação e saúde à sua população. Os hospitais, os centros de saúde que a comunidade cristã mantém no Líbano, são também fundamentais”, explica.
A Fundação AIS continua presente no terreno. “É um dos países onde temos estado mais presentes, exatamente com este apoio à educação e à saúde. Porque, se as famílias deixarem de ter o apoio das escolas católicas, cristãs, que estão presentes no Líbano a educar as suas crianças, se deixar de haver esta capacidade das congregações manterem as escolas abertas, provavelmente mais famílias irão deixar o Líbano”, alerta.
“Estamos a apoiar tanto professores como famílias a manter as crianças nas escolas. E continuamos a apoiar a formação de seminaristas, a sobrevivência de sacerdotes e de religiosas, para que possam continuar a ajudar o maior número de pessoas no Líbano”, conclui a diretora da AIS.
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