
Urgências regionais colocam grávidas em risco e afastam médicos
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) lançou um duro alerta sobre o modelo de urgências regionais de obstetrícia, aprovado esta semana em Conselho de Ministros, acusando o Governo de criar um sistema que “não serve as grávidas, nem os profissionais de saúde”.
A estrutura sindical considera que a reorganização das urgências vai forçar muitas grávidas a percorrer longas distâncias até ao hospital mais próximo, aumentando o perigo de partos em plena ambulância. O primeiro modelo deverá arrancar já no início do próximo ano, na Península de Setúbal, uma das zonas mais afetadas pelos encerramentos temporários de blocos de parto, devido à escassez de especialistas.
Segundo o regime aprovado, duas ou mais Unidades Locais de Saúde (ULS) poderão unir-se para concentrar o serviço de urgência num único hospital, enquanto médicos, enfermeiros e técnicos manterão os vínculos às suas ULS, mas poderão ser destacados para outros hospitais.
A FNAM acusa ainda a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, de ter “faltado à verdade” ao Parlamento, quando garantiu que não avançaria com mobilidade forçada de profissionais. “A ministra perdeu a confiança dos médicos e do país”, sublinha a federação, que responsabiliza também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, caso mantenha a governante em funções.
Num dia em que o país viveu uma greve da Função Pública, à qual a FNAM se associou, o sindicato fala numa “luta pela dignidade e pelo futuro do Serviço Nacional de Saúde”, apontando para uma adesão de cerca de 80% entre os médicos, com forte impacto nos blocos operatórios, onde apenas funcionaram os serviços mínimos de urgência.






