
Raquel Varela lança jornal “Maio”
O novo jornal Maio, que se assume como “socialista” e contra as alterações à legislação laboral, reúne o apoio financeiro de cinco sindicatos e está a procurar mais contributos e voluntários, revelou Raquel Varela, membro do comité editorial.
O jornal, lançado esta quinta-feira, será financiado pelos leitores, pelas quotas da futura associação e por quotas de sindicatos independentes, “algo inédito em Portugal desde a década de 1990”, afirmou em comunicado Raquel Varela, professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Neste momento, adiantou, a publicação é financiada pelo Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos do Continente e Ilhas (SITEU), STASA – Sindicato dos Trabalhadores do Sector Automóvel, SNTSF – Sindicato Trabalhadores Manutenção Ferroviária, STOP e Simmper – Sindicato Independente dos Motoristas de Matérias Perigosas.
O Maio posiciona-se como um jornal “socialista” e o comité editorial, que funciona por voluntariado, inclui António Simões do Paço, Afonso Maia Silva, Adriano Zilhão e Gorete Pimentel, além de Raquel Varela.
“O trabalho no Maio é hoje voluntário. Se querem ser apoiantes, subscrevam a newsletter. Se vos interessa ser sócios ordinários, sócios um pouco mais generosos ou simplesmente prestar ajuda técnica, enviem por favor um e-mail para [email protected]”, apelou Raquel Varela.
“Se não quiserem organizar-se com o Maio, organizem-se noutro lado qualquer. Mas organizem-se! No trabalho ou no bairro, em torno de um grupo de reflexão sobre o trabalho, com um boletim ou um jornal caseiro: juntem-se, criem amizades, participem nas assembleias do vosso sindicato (e critiquem-no, se necessário), mas façam parte, tomem partido”, adiantou.
O Maio publicará semanalmente reportagens, artigos longos, crónicas e entrevistas, estando também a montar o videocast Tempo contra o Tempo, dedicado à análise da situação política nacional e internacional e a questões laborais. A equipa os cronistas inclui António Garcia Pereira, Mário Tomé, Rui Pereira, Padre José Luís Rodrigues, Cristina Semblano, Joel Neto, Miguel Real, Manuel da Silva Ramos, António Carlos Cortez, entre outros.
O jornal contará também com a colaboração do autor de banda desenha João Mascarenhas. O projeto editorial foi desenvolvido nos últimos dois anos com sindicalistas, jornalistas, ativistas, entre outros, “para defender a cultura, a educação e o pensamento livre”, refere a académica.
A associação proprietária da publicação está ainda em processo de legalização e seguir-se-á o registo do jornal na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), tendo o lançamento sido antecipado face às alterações à lei do trabalho contempladas pelo Governo. “Ganhou particular urgência trazê-lo à vida quando o Governo AD, apoiado pela Iniciativa Liberal e o Chega, apresenta um projeto de alterações à lei laboral que ameaça os direitos mais elementares dos trabalhadores, incluindo o direito à greve”, refere Raquel Varela.
“Estamos perante uma contrarreforma laboral que quer suprimir direitos essenciais à vida e ao trabalho. Precisamos de organização, da participação de milhares na vida pública, como aconteceu a seguir ao 25 de Abril de 1974. O fascismo não se derrota só, nem principalmente, nas urnas. Derrota-se com organização”, adiantou.
Segundo o texto de apresentação da publicação, “a ordem do dia são a informação e organização independente de quem trabalha, o combate às guerras e à destruição de direitos que o capitalismo traz no seu ventre”.