
Qual óleo de cozinha é melhor? Perguntar como eles são feitos pode lhe dizer mais

Crédito: Unsplash/CC0 Domínio Público
Os óleos vegetais estão por toda parte e quase todo mundo tem uma opinião sobre eles. Do marketing inteligente nos corredores dos supermercados às manchetes sobre o desmatamento, eles se tornaram heróis e vilões da dieta moderna. Mas os óleos vegetais são vitais para as nossas vidas e podem ajudar a combater a insegurança alimentar.
Os consumidores que tentam fazer compras éticas e sustentáveis encontram-se em conflito com um mercado onde o clickbait muitas vezes mascara a realidade e onde informações fiáveis sobre a rastreabilidade muitas vezes faltam ou são difíceis de encontrar. Um pote de manteiga de amendoim “sem óleo de palma” não revela necessariamente como o óleo de palma foi substituído, ou como e onde os amendoins foram produzidos.
Num mercado inundado de polémicas e mensagens contraditórias, o consumo informado é um desafio. Quais óleos deveríamos realmente usar e qual é a verdade por trás de sua produção?
Os consumidores têm direito à transparência clara dos ingredientes. Informações mais precisas nos permitem fazer escolhas que se alinhem genuinamente com nossos valores. Nossa pesquisa recente em três estudos explora como a nutrição, a sustentabilidade e a transparência se cruzam no mundo dos óleos vegetais.
Poucos alimentos ilustram tanto a complexidade do nosso sistema alimentar global como os óleos vegetais. Utilizados na culinária, nos alimentos processados, nos cosméticos, nos plásticos e no biodiesel, a procura global quadruplicou em 50 anos, tornando os óleos vegetais uma pedra angular das dietas e das economias. Estima-se que 37% das terras agrícolas sejam utilizadas por culturas oleaginosas, como soja, dendê, colza e girassol.
No entanto, esta procura também impulsiona grandes pressões sanitárias e ambientais. Com mais 2 mil milhões de bocas para alimentar nas próximas décadas, várias centenas de milhões de hectares de terra – dez vezes a área do Reino Unido – terão de ser atribuídos à produção de óleo vegetal. As decisões sobre quais culturas são utilizadas e como são produzidas terão consequências ambientais e sociais críticas.
Não me chame de gordo
“Gordo” tem conotações negativas de longa data. Isso levou a conselhos de saúde extremos que exigem qualquer coisa, desde a omissão total de óleos de sementes até comer um pedaço de manteiga como lanche ou adicionar uma dose de óleo de coco ao café.
Paralelamente, campanhas de marketing alarmistas pintaram certos óleos vegetais, sobretudo o óleo de palma, como agentes de extinção em massa e de desflorestação.
Mas por trás de cada garrafa nas prateleiras dos supermercados existe uma história mais complexa: uma rede de agricultores, fábricas e políticas que moldam não só o que comemos, mas também a forma como a terra é usada e como os meios de subsistência são sustentados.
Precisamos parar de tratar a gordura alimentar como uma vilã. Sim, as gorduras trans são prejudiciais, mas as evidências sobre as gorduras saturadas são confusas e específicas ao contexto. Os riscos de fritura são ignorados e os substitutos de gordura são frequentemente vendidos em excesso.
É importante ressaltar que uma “lacuna de gordura” global coexiste com a obesidade – na verdade, algumas pessoas precisam de mais gordura em sua dieta. A ideia de que algumas gorduras são boas para você e outras não não é clara.
O ponto cego do consumidor
As alegações sobre os alimentos que consumimos podem tornar-se parte do discurso popular. Tomemos como exemplo a afirmação da WWF de 2009 de que 50% dos produtos dos supermercados contêm óleo de palma. É verdade agora? Nossas descobertas sugerem pelo menos não em todos os lugares.
Quão facilmente poderia ser provado que isso era verdade então? Sempre? É difícil dizer, sem evidências históricas claras de como a afirmação original foi feita. Mas será que esta afirmação encorajou milhões de consumidores a evitar o óleo de palma? Absolutamente.
Não se trata de derrubar a má reputação do óleo de palma, mas de constatar a absoluta falta de clareza e transparência nas informações sobre os ingredientes. Muitos produtos alimentares listam apenas “óleo vegetal” sem especificar o tipo ou origem e os rótulos de sustentabilidade são inconsistentes e facilmente manipulados.
Esta falta de transparência alimenta a desinformação e impede os consumidores de alinharem as compras com os seus valores. Isto atrasa fundamentalmente quaisquer esforços dos consumidores e dos decisores políticos para melhorar a sustentabilidade do sistema alimentar.
A dimensão humana: Cultura e equidade
Os óleos vegetais são mais do que ingredientes. Eles estão entrelaçados em nossa cultura, economias e identidade. Desde o óleo de palma no Sudeste Asiático e na África Ocidental até ao azeite no Mediterrâneo, o seu valor vai além da nutrição ou das métricas ambientais.
Numa era de crescente insegurança alimentar, os óleos acessíveis continuam a ser uma fonte vital de nutrição e rendimento para milhões de pessoas. Os apelos à eliminação de certos petróleos podem acarretar custos sociais ocultos, minando os meios de subsistência nas regiões produtoras. Nenhum óleo é inerentemente bom ou ruim.
Em vez de perguntar qual o melhor petróleo, deveríamos questionar como os nossos óleos são produzidos, quem beneficia e quais as mudanças sistémicas que realmente servem as pessoas e o planeta.
Em última análise, as empresas precisam de divulgar as origens e os métodos de processamento, e os decisores políticos devem exigir rotulagem que revele os verdadeiros efeitos ambientais e sociais de um ingrediente. Só então os consumidores poderão saber a melhor forma de escolher uma mistura variada de óleos rastreáveis, sem exageros.
Tecnologias como os códigos QR e as aplicações móveis já podem permitir isso e, ao exigirem uma maior rastreabilidade, os compradores podem ajudar a mudar para sistemas alimentares mais justos e sustentáveis.
Fornecido por A Conversa
Este artigo foi republicado de The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.
Citação: Qual óleo de cozinha é melhor? Perguntar como eles são feitos poderia lhe dizer mais (2025, 18 de outubro) recuperado em 18 de outubro de 2025 em https://medicalxpress.com/news/2025-10-cooking-oil-theyre.html
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