
Parolin: “É inaceitável e injustificável reduzir seres humanos a danos colaterais”
(Em atualização)
Todos os dias o cardeal Pietro Parolin fica abalado com o número de mortos em Gaza. Em vésperas do ataque do Hamas de 7 de outubro, que nesta terça-feira completa dois anos, o secretário de Estado do Vaticano defende que “é inaceitável e injustificável reduzir seres humanos a danos colaterais“.
Numa entrevista aos medias do Vaticano, Parolin começa por condenar o ataque do Hamas de 7 de outubro, considerando que foi “desumano e indefensável”. E, referindo-se a Israel, defende que “até a legítima defesa deve respeitar o princípio da proporcionalidade”.
Os ataques israelitas, que reduziram Gaza a escombros, já fizeram, segundo as autoridades de saúde palestinianas, mais de 67.000 mortos, na sua maioria civis. A 7 de outubro, o ataque do Hamas resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e foram feitos 251 reféns. O atentando foi a origem do novo conflito entre Israel e Hamas.
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Parolin, que recorda que o Vaticano reconheceu o Estado da Palestina há dez anos, apoia a solução dos dois Estados, diz que “a oração não é suficiente” para travar o conflito e considera que a comunidade internacional deve fazer “muito mais do que está a fazer agora”
“Hoje, a situação em Gaza é ainda mais grave e trágica do que há um ano, após uma guerra devastadora que ceifou dezenas de milhares de vidas. É preciso recuperar o sentido da razão, abandonar a lógica cega do ódio e da vingança e rejeitar a violência como solução”, defende o secretário de Estado do Vaticano.
De resto, Parolin considera que “quem é atacado tem o direito de se defender, mas até a defesa legítima deve respeitar o princípio da proporcionalidade” e a guerra que se seguiu ao 7 de outubro de 2023 “trouxe consequências desastrosas e desumanas”.
“Corremos o risco de nos tornarmos insensíveis a esta carnificina”
As mortes diárias, alerta o cardeal, podem acabar por dessensibilizar quem vê as notícias. “Fico profundamente abalado com o número diário de mortos na Palestina — dezenas, por vezes centenas, todos os dias — tantas crianças cuja única ‘culpa’ parece ser terem nascido ali. Corremos o risco de nos tornarmos insensíveis a esta carnificina”, argumenta o secretário de Estado do Vaticano.
“É inaceitável e injustificável reduzir seres humanos a meros ‘danos colaterais’”, considera Pietro Parolin.
Além de condenar as ações israelitas, Parolin também critica os ataques crescentes contra judeus por todo o mundo. “São uma consequência triste e igualmente injustificável”, defende o cardeal, considerando que “o antissemitismo é um cancro que deve ser combatido e erradicado”.
Assim, defende que “atos de desumanidade e violações do direito humanitário” nunca podem ser justificados: “nenhum judeu deve ser atacado ou discriminado por ser judeu, e nenhum palestiniano deve ser atacado ou discriminado por ser palestiniano, sob a desculpa, por vezes repetida, de que são potenciais terroristas.”
Parolin considera ainda que guerra conduzida pelo exército israelita para eliminar os militantes do Hamas “ignora o facto de estar a atingir uma população maioritariamente indefesa”, já levada ao limite. “Basta olhar para as imagens aéreas para compreender o que é hoje Gaza. É igualmente claro que a comunidade internacional está, infelizmente, impotente, e que os países com real capacidade de influência ainda não agiram para travar o massacre em curso. ”
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