MENTALUP: Promoção da Literacia em Saúde Mental em Meio Escolar

Num evento marcado pela partilha de iniciativas inovadoras no setor da saúde, realizou-se esta manhã, no âmbito da 18.ª Edição do Prémio de Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar (APDH), a apresentação do projeto MENTALUP: Mental Literacy Promotion at Scholar Health Context.

A apresentação esteve a cargo de Catarina Bacelo, Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro (ULSRA), integrada na Mesa 1 do evento, dedicada à apresentação de diversos projetos. A oradora começou por contextualizar a pertinência da iniciativa, salientando que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente uma em cada quatro pessoas experienciará um problema de saúde mental ao longo da vida. Entre os adolescentes, realçou, têm-se verificado valores de prevalência significativos e evolutivos relativamente a problemáticas como a ansiedade, a depressão e o risco de suicídio.

Perante este cenário, e detetada uma necessidade concreta no Agrupamento de Escolas de Mário Sacramento, o projeto MENTALUP surgiu no ano letivo de 2020/2021 através de uma parceria entre a ULSRA – nomeadamente o seu Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental – e a Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro. Trata-se de um projeto de investigação-ação que tem como principal objetivo capacitar os adolescentes que frequentam os cursos profissionais, aumentando a sua literacia em saúde mental e promovendo competências sociais específicas, como a cooperação, a assertividade, a empatia e o autocontrolo.

A população-alvo são os alunos do 10.º ano dos cursos profissionais, tendo o projeto envolvido, até à data, 222 participantes desde o seu início em 2022. O programa é constituído por oito sessões, com uma periodicidade quinzenal e uma duração de 50 minutos cada, que são integradas no horário escolar. As sessões são dinamizadas por uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde, incluindo médicos psiquiatras e enfermeiros especialistas, e recorrem a atividades de quebra-gelo, dinâmicas de grupo e técnicas de resolução de problemas para trabalhar os conteúdos teórico-práticos.

Para avaliar o impacto da intervenção, é aplicado, antes e após o programa, o Questionário de Avaliação de Competências Sociais, um instrumento validado para a população portuguesa. Relativamente aos resultados obtidos ao longo destes três anos letivos, a oradora destacou uma evolução positiva nas competências dos adolescentes. Enquanto a cooperação foi identificada como a competência cuja frequência de utilização no dia a dia ainda não é tão regular, apesar de ser percecionada como importante, a assertividade registou melhorias significativas, tanto na frequência como na importância que os jovens lhe atribuem. A empatia e o autocontrolo também mostraram uma evolução positiva, ainda que menos pronunciada.

Como síntese conclusiva, foi sublinhado que o projeto MENTALUP demonstrou ter aumentado a capacidade dos adolescentes para lidar com desafios emocionais e sociais, contribuindo para um aumento da literacia em saúde mental. Foi ainda salientado que a iniciativa promove um ambiente escolar mais positivo e inclusivo, formando cidadãos mais empoderados e resilientes, cujo impacto se estende para além da escola, beneficiando toda a comunidade. A apresentação constituiu, assim, um testemunho relevante de uma boa prática em saúde mental escolar, alinhada com as políticas nacionais de promoção da saúde e de otimização de recursos.

RE/HN