Governo cria centros de obstetrícia e dá prioridade à Península de Setúbal

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, anunciou esta sexta-feira a criação dos Centros de Elevado Desempenho em Obstetrícia e Ginecologia, uma medida que o Governo considera “estratégica e prioritária” para o futuro do Serviço Nacional de Saúde (SNS). O projeto vai arrancar em 2026, em fase experimental, e contempla unidades hospitalares de maior complexidade, entre as quais o Hospital Garcia de Orta, em Almada — um dos mais pressionados da Península de Setúbal.

Estes centros vão funcionar com um modelo semelhante ao dos Centros de Responsabilidade Integrados (CRI), mas adaptados à realidade da obstetrícia. A ministra explicou que o objetivo é reforçar a qualidade dos cuidados e a fixação de profissionais, garantindo que os recém-formados “queiram permanecer no SNS” e que outros especialistas “possam regressar”.

Com incentivos financeiros baseados na produtividade e qualidade dos serviços, os médicos poderão receber até 50% de prémio salarial, e os enfermeiros até 30%, segundo o desempenho.

A medida surge após anos de dificuldades nas urgências de ginecologia e obstetrícia, com fechos temporários recorrentes em várias unidades do distrito, nomeadamente nos hospitais do Barreiro, Montijo e Almada-Seixal. A Direção Executiva do SNS reconhece que, apesar das melhorias registadas em 2025, persistem graves carências de recursos humanos, que afetam também a pediatria.

O Governo pretende, com este novo modelo, garantir serviços altamente diferenciados, promover a formação e incentivar a investigação, num esforço de reter talento médico e estabilizar os serviços mais críticos.

Os Centros de Elevado Desempenho serão criados, numa primeira fase, nas Unidades Locais de Saúde (ULS) de Santo António, São João, São José, Santa Maria, Loures-Odivelas e Almada-Seixal.

Na Península de Setúbal, onde a pressão sobre os serviços de saúde materna tem sido constante, o Governo aposta no Garcia de Orta como hospital âncora, reforçando a cooperação regional e a resposta à população.