Durante uma visita à Sociedade Filarmónica Humanitária de Palmela, no distrito de Setúbal, António Filipe reagiu esta terça-feira às declarações de Gouveia e Melo, que defendeu recentemente haver “Estado a mais” em Portugal. O candidato presidencial apoiado pelo PCP rejeitou essa ideia, sublinhando que “muitos serviços públicos não têm funcionários suficientes” para garantir o bom funcionamento das instituições.
“Quando dizem que a administração pública tem gente a mais, apetece-me perguntar onde é que acham que se corte. Nos professores? Temos falta deles. Nos funcionários das escolas? Também não parece. Nos médicos, enfermeiros ou forças de segurança? Claramente não”, afirmou António Filipe, reforçando que a escassez de profissionais afeta o ensino, a saúde e a segurança do país.
As declarações surgem após o almirante Gouveia e Melo, em entrevista ao jornal Eco, ter considerado que o “Estado é um travão ao desenvolvimento económico” e que está “a estrangular a iniciativa privada”. O candidato comunista respondeu com uma visão diametralmente oposta, defendendo um Estado forte e com carreiras públicas valorizadas. “Temos de ter funcionários suficientes e com carreiras dignas. Não entendo esse discurso de que há funcionários públicos a mais. A menos que se queira transferir funções sociais do Estado para o setor privado — e eu não partilho dessa visão”, frisou.
Durante a mesma visita, António Filipe abordou ainda o relatório preliminar sobre o acidente do elevador da Glória, ocorrido em setembro em Lisboa, que provocou 16 mortos e cerca de duas dezenas de feridos. O documento do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Ferroviários indica que o cabo que unia as cabinas “não respeitava as especificações da Carris”.
Perante estas conclusões, o candidato defendeu um apuramento rigoroso de responsabilidades. “Quando estão em causa vidas humanas, é essencial chegar até às últimas consequências. Este relatório aponta graves falhas na manutenção do equipamento. Deve haver consequências para quem falhou e para os responsáveis políticos por decisões que conduziram a esta tragédia”, concluiu António Filipe, num discurso marcado pela exigência e pela defesa do serviço público.
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