
Evite estes 10 comportamentos para não acabar nas urgências
O recurso às urgências hospitalares está a crescer, e muitos dos atendimentos poderiam ser evitados com comportamentos mais prudentes. Quatro especialistas em medicina de urgência consultados pelo El País alertam para um conjunto de hábitos quotidianos que frequentemente resultam em lesões graves, intoxicações ou doenças infeciosas. Eis as 10 práticas que, segundo os profissionais, devem ser abandonadas.
1. Procedimentos estéticos, piercings ou tatuagens em locais não autorizados
Os médicos e enfermeiros da Sociedade Espanhola de Medicina de Urgências e Emergências (SEMES) alertam para o aumento de complicações derivadas de procedimentos feitos em centros sem licença. Juan Antonio Andueza Lillo, chefe do serviço de Urgências do Hospital Gregorio Marañón, sublinha que se têm registado “cada vez mais infeções graves e complicações” associadas a tatuagens ou piercings realizados em locais sem garantias sanitárias. O risco, explica, vai muito além de uma simples inflamação: “Pode conduzir à transmissão de doenças graves, como a hepatite C ou o VIH.”
2. Mergulhar de cabeça ou saltar de locais elevados
Os mergulhos mal calculados são responsáveis todos os anos por internamentos no Hospital Nacional de Paraplégicos. A Real Federação Espanhola de Salvamento e Socorrismo alerta que mergulhar de cabeça em águas rasas pode causar “fraturas cervicais e danos irreversíveis na medula espinal”. Saltos de trampolins altos ou em zonas sem supervisão são igualmente perigosos, e os especialistas lembram que “um impacto violento na cabeça pode mudar a vida em segundos”.
3. Alpinismo ou musculação sem supervisão adequada
Entre as práticas desaconselhadas estão o alpinismo sem preparação e o levantamento de pesos sem acompanhamento técnico. A União Internacional de Associações de Alpinismo recomenda que os praticantes recebam formação em primeiros socorros e segurança na montanha. Andueza alerta ainda que “os tutoriais na internet são perigosos” e que erros de postura ou cargas mal calculadas “podem provocar lesões graves na coluna”.
4. Armazenar produtos de limpeza em garrafas de bebidas
Guardar detergentes ou desinfetantes em garrafas de água ou vinho é uma das causas mais frequentes de intoxicações domésticas. Andueza explica que “os líquidos transparentes podem ser facilmente confundidos” e que a ingestão acidental destes produtos “queima os tecidos desde os lábios até ao estômago”. O especialista reforça que os produtos devem permanecer nas embalagens originais, que contêm rótulos de segurança.
5. Automedicação
O uso de medicamentos sem prescrição é outro comportamento de risco. As especialistas da SEMES alertam que até fármacos comuns, como o paracetamol ou o ibuprofeno, “podem ser perigosos quando usados em excesso”. Um exemplo extremo é a sobredosagem de paracetamol, que pode causar insuficiência hepática e morte. Casos de uso recreativo de medicamentos como a Viagra em contextos festivos são cada vez mais frequentes e potencialmente perigosos.
6. Praticar desporto nas horas de maior calor
Os serviços de urgência recebem cada vez mais casos de golpes de calor entre pessoas jovens e saudáveis. Andueza recorda que “sair a correr ao meio-dia, quando há alertas por temperaturas elevadas, é extremamente arriscado”. Durante as ondas de calor, que só este verão causaram 458 mortes em Madrid e Barcelona, o exercício deve ser feito nas primeiras horas da manhã ou no final do dia.
7. Manter relações sexuais desprotegidas
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de um milhão de pessoas entre os 15 e os 49 anos contraem diariamente uma infeção sexualmente transmissível. As especialistas da SEMES insistem que “o preservativo não serve apenas para evitar gravidezes, mas também para prevenir doenças como a gonorreia, a sífilis e a clamídia”. Andueza nota que “muitos recorrem às urgências por medo após um contacto sexual sem proteção”.
8. Abusar do consumo de álcool
O abuso de álcool é uma das principais causas de urgências hospitalares, com casos de intoxicação e acidentes graves. Andueza explica que “o ideal é não beber, mas se o fizer, deve ser com moderação e nunca em situações de risco, como conduzir ou praticar atividades perigosas”. Segundo o Instituto Nacional de Toxicologia, metade dos condutores mortos em acidentes de viação em 2024 apresentava álcool ou drogas no organismo.
9. Consumo de drogas como poppers, cannabis e cocaína
Os hospitais registam um aumento de casos relacionados com o consumo de drogas de síntese e substâncias recreativas. Um jovem de 30 anos relatou ao El País que “por um efeito que durou 10 segundos, quase ficou cego de um olho” após consumir popper. O chefe de urgências do Gregorio Marañón refere que há “muitos episódios de alterações de comportamento e surtos psicóticos associados ao consumo de cannabis”, além de problemas cardíacos, renais e até episódios de violência.
10. Não capacete e proteções ao andar de bicicleta ou trotinete
O aumento de acidentes com trotinetes e bicicletas elétricas preocupa os médicos. “A ausência de capacete é uma imprudência grave”, sublinha Andueza, que defende o uso de cotoveleiras e outras proteções. Em 2024 registaram-se 400 acidentes e 14 mortes relacionadas com trotinetes elétricas em Espanha, segundo um relatório da Fundação Mapfre. O especialista considera positivas as medidas municipais que limitam o uso destes veículos de aluguer, uma vez que “atingem velocidades superiores a 20 quilómetros por hora e aumentam o risco de traumatismos”.
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