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Eurodeputada Lídia Pereira defende compromisso europeu para reduzir 90% das emissões de CO2 em 2040

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Já se contam pelos dedos de uma mão os anos que faltam para a próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), e o debate sobre as metas a alcançar ainda fervilha na pirâmide da União: Comissão, Conselho Europeu e Parlamento.

O menu é indigesto, porque ninguém quer perder na corrida da competitividade, mas a eurodeputada Lídia Pereira aposta forte em dois ingredientes: “a receita da ambição, com execução. Isto é: aquilo que nós queremos fazer com as outras geografias do mundo é encontrar, no diálogo, soluções que permitam termos metas alinhadas com a ciência, uma adaptação às alterações climáticas que seja mensurável e ter um financiamento credível para que cada país, sem exceção, possa fazer a sua parte”.

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Para confecionar este prato, será necessário chamar a jogo as grandes potências, “que são também muito responsáveis pelas emissões de CO2”.

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A presidente da delegação Parlamento Europeu para a COP30 dá o exemplo da China, mas não esquece igualmente que os EUA de Trump abandonaram o Acordo de Paris. Apesar disso, Lídia Pereira sublinha que muitos Estados norte-americanos mantêm o seu compromisso com a neutralidade carbónica em 2050, com a trajetória de descida das emissões de CO2 e de metano.

Aliás, a vice-presidente do PPE admite, em entrevista à Renascença, que a frase “drill, baby, drill” (mais perfuração para petróleo e gás) já causou mais entusiasmo do que hoje e dá o exemplo do Texas, pela “liderança que tem adotado em matéria de investimento para a transição energética, e pelo investimento em energias renováveis”.


Quais são as prioridades do Parlamento Europeu para a COP 30, que vai decorrer no Brasil?

Uma das prioridades que o Parlamento Europeu tem tido nos últimos anos, e que este ano não é exceção, é que levamos a receita da ambição, com execução. Isto é: aquilo que nós queremos fazer com as outras geografias do mundo é encontrar, no diálogo, soluções que permitam termos metas alinhadas com a ciência, ter uma adaptação às alterações climáticas que seja mensurável – que seja possível irmos afinando os resultados – e ter um financiamento credível para que cada país, sem exceção, possa fazer a sua parte.

A outra mensagem que temos transmitido é que esta liderança climática se deve afirmar pela competitividade, pela transição energética e pela transição digital, mas sem nunca deixar ninguém para trás. Isto só se consegue com diálogo…e chamando os grandes países, e os grandes “players” globais, que são também muito responsáveis pelas emissões de CO2. Estou a referir-me, em particular, à China. Não pode ser a União Europeia sozinha a financiar os países que também enfrentam dificuldades por via das alterações climáticas.

Fala-me da China, obviamente. Mas não é apenas a China. São também os Estados Unidos e outras grandes potências os maiores poluidores. Na verdade, isto funciona, um pouco, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas: basta que uma grande potência seja poluidora para estragar tudo. Como é que se poderá chamar a jogo esses “players” para que também contribuam no esforço para limitar o aquecimento global?

Bom, temos duas vias: sensibilização e realidade. A verdade é que todos os países no mundo, sem exceção, estão a ser alvo dos fenómenos extremos climatéricos. Por exemplo, os Estados Unidos não são exceção. Tanto é que, apesar da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, há um compromisso que muitos Estados daquele país mantêm com a neutralidade carbónica em 2050, com a trajetória de descida das emissões de CO2, de metano, enfim…

A COP30 será diferente por força dessa saída dos Estados Unidos, enquanto federação, do Acordo de Paris?

Já no ano passado estávamos num momento de transição para a administração que, entretanto, entrou em funções, em janeiro deste ano. É obvio que a ausência foi bastante notada, agora, aquilo que nós temos observado – por exemplo, no caso em concreto dos Estados Unidos – é que a transição energética continua a ser muito mais competitiva e, portanto, muitas empresas americanas continuam empenhadas nessa transição porque há hoje tecnologias disponíveis que são muito mais competitivas e vão ao encontro da descarbonização precisamente por serem mais eficientes. Eu creio que há, no fundo, uma manutenção do impulso que ocorreu nos últimos dois anos do mandato de Joe Biden…e que se manteve, eventualmente, com nomes diferentes.

Parece-lhe que o mercado norte-americano já não anda assim tão entusiasmado com a frase “drill, baby, drill” (mais perfuração para petróleo e gás)?

Os dados mostram isso mesmo. Repare, os Estados produtores de combustíveis fósseis, o Texas, é um exemplo muito claro da liderança que tem adotado em matéria de investimento para a transição energética, e pelo investimento em energias renováveis. É que muitas das energias renováveis hoje são, de facto, mais competitivas. E, portanto, um Estado que é apelidado “oil and gas”, é um Estado líder nesses investimentos. Eu acho que é um caso paradigmático, e creio que se tornará mais evidente à medida que avançamos no tempo.

No caso concreto da Europa, uma das coisas que eu creio que é muito relevante é que, quando falamos em ambiente e alterações climáticas, há hoje um plano muito mais destacado que tem a ver com a competitividade. Quando falamos de energia, a União Europeia não tem recursos energéticos que lhe permitam, neste momento, ser independente e autónoma de países terceiros. Ou seja, quando falamos em transição energética, há a dimensão competitiva de investimento em novas tecnologias limpas que nos permitam depois também sermos mais independentes e autónomos do ponto de vista da segurança energética.

Eu diria que há uma interdependência destes elementos, que são muito relevantes, e que estão também a contribuir para a descarbonização da economia e, portanto, a neutralidade carbónica em 2050 e, com isso, todos os efeitos positivos que esse objetivo traz, nomeadamente do ponto de vista da nossa saúde, da mobilidade.

Quais são as metas da União Europeia, aquelas metas que os líderes europeus, quando chegarem à COP30 no Brasil, vão dizer que gostaríamos que fossem estas?

Um dos grandes temas que está em discussão, e para o qual só teremos uma resolução mais concreta no início da COP, tem a ver com a meta de redução em 90% de CO2 no ano de 2040. A chamada “meta 2040”, que é baseada na ciência e, no fundo, decorre da revisão da lei do clima que foi adotada em dezembro de 2021.

Portanto, aquilo que nós gostaríamos era que, no início da COP30, a União Europeia tivesse para apresentar o compromisso com a redução em 90% das emissões de CO2 no ano de 2040.

Mas há também um compromisso climático para 2035 e que, de facto, tem sido muito retardado pelo Conselho Europeu, e que tem a ver com as chamadas “National Determined Contributions”. Portanto, um dos apelos que o Parlamento Europeu tem feito é que haja também esse compromisso intermédio com 2035, mas é para o compromisso de 2040 que queremos garantir que existe, também, adesão por parte de outras geografias no mundo.


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