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Daniela Ruah: “Trabalhar tantos anos podia dar-me toda a confiança do mundo, mas comecei a questionar se teria capacidade para fazer outro tipo de papel”

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“O Grito” é o mais recente projeto de Daniela Ruah. Em conversa com o SAPO, a atriz falou sobre a nova série de drama realizada por Leonel Vieira e que conta ainda com Sara Matos, Pedro Laginha, Gonçalo Almeida, Nuno Nolasco, Natália Luiza, Roberto Bomtempo, Joaquim Horta, Ricardo Veigas, Madalena Aragão, António Van Zeller e Mar Bandeira no elenco principal.

A história segue Vitória Neves (Daniela Ruah), uma mulher forte, professora muito dedicada à sua profissão, e focada em resolver os problemas dos seus alunos e colegas, mesmo que isso implique deixar para trás a vida pessoal e o equilíbrio familiar. “Quem sofre é o seu filho Pedro, adolescente temerário em cima do seu skate e no modo como vive as turbulências próprias de quem experimenta tudo pela primeira vez, e o seu marido Salvador, companheiro de sempre, um enfermeiro adormecido pelo tempo”, adianta o serviço de streaming.

SAPO: Já chegou “O Grito”, a nova série do Leonel Vieira. Quando te mostraram pela primeira vez este projeto — quando te falaram da história, quando te mostraram o guião — o que é que te atraiu nesta nova série?

Daniela Ruah: O Leonel já me tinha falado deste projeto há alguns anos. Ele esteve a desenvolvê-lo durante bastante tempo, com muito amor, carinho e dedicação. Acho que era mesmo um projeto importante para ele. Quando me explicou a história, fiquei logo presa pelo enredo e pelos temas: depressão, suicídio, a situação dos professores nas escolas públicas em Portugal. Depois, em relação à personagem, tendo interpretado a Kensi em “Investigação Criminal – Los Angeles” durante 14 anos, senti alguma insegurança — o que é quase o oposto do que se poderia esperar. Trabalhar tantos anos podia dar-me toda a confiança do mundo, mas por outro lado comecei a questionar se teria capacidade para fazer outro tipo de papel.

Uma pessoa ganha vícios e traz muito de si para uma personagem tão longa. A dúvida era: conseguirei interpretar uma personagem completamente diferente, com hábitos e fisicalidade distintos? Para mim, este projeto foi também esse desafio, porque a Vitória não tem nada a ver com a Kensi.

O Leonel não me deixou escapar com nada. Exigiu muita disciplina, quase como voltar a ter aulas de representação. Corrigia os meus vícios, dizia: “não faças isso, não faças aquilo que te relaxa a cara”. Apreciei muito esse rigor, estava a precisar disso. Foi uma quebra daquilo que tinha estado a fazer, um verdadeiro break free.

SAPO: Sentiste que este papel chegou na altura certa para quebrar essa ‘rotina’?

Daniela Ruah: Exatamente. Essa caixinha onde eu estava. Foi o que eu precisava e era daquilo que estava à espera.

SAPO: Já sentias essa necessidade ou só percebeste quando surgiu o papel?

Daniela Ruah: Como disse, o Leonel estava a preparar este projeto há muito tempo e começou a falar comigo pouco depois do fim da minha série — que terminou há dois anos e meio, penso eu. Portanto, sim, foi logo muito bem-vindo por todos os motivos que já referi.

SAPO: Como foi o processo criativo de construir uma personagem totalmente nova e diferente?

Daniela Ruah: Tivemos muitas conversas, tanto no set como fora dele. Eu sou, por natureza, uma pessoa feliz. Claro que tenho momentos de infelicidade, claro que, se calhar, até já toquei em momentos de depressão — não clínicos, digamos assim, no sentido químico daquilo que se passa no nosso corpo — mas, pronto, todos temos momentos baixos na vida. E, por isso, de alguma forma podemos identificar-nos com certas coisas, como acordar num dia e ter dificuldade em ver a felicidade da vida. Mas, para mim, isso depois passa. 

Já interpretar uma personagem em que esse sentimento não passa… Tive de procurar e desenterrar muitas coisas dentro de mim para conseguir perceber a Vitória, especialmente o seu fim. A parte do seu suicídio, a decisão que ela tomou de se suicidar, tendo um filho de 16 anos. 

Não posso revelar muito porque ainda não estrearam os episódios que explicam tudo, mas tive de me separar de mim própria. Eu não faria isso, mas tive de encontrar justificação interna para ela. É como interpretar um assassino: não o seríamos, mas temos de procurar dentro de nós algo que torne aceitável para a personagem. Foi uma procura psicológica, espiritual e física.

SAPO: Gravar estas cenas deve ter tido uma carga emocional muito forte. Como desligavas no final do dia?

Daniela Ruah: Houve dias bastante exaustivos, mas o meu lado positivo ajudava: um dia intenso no set é sinal de um dia bem-sucedido. Claro que não falo dos dias de 17 horas por desorganização. Como agora também realizo, percebo bem a importância de uma boa gestão. Desde que o cansaço fosse emocional, ligado à personagem, era ótimo. Saía de lá com sensação de vitória.

SAPO: E como foi  trabalhar com o elenco, entre atores consagrados e novos talentos?

Daniela Ruah: Foi maravilhoso. Os mais jovens estiveram super bem, a maior parte com formação teatral, muito dedicados. Orgulhei-me de trabalhar com eles e também falámos bastante sobre carreira. Tinham muitas perguntas para mim e vi neles o que eu era nos “Jardins Proibidos”. Hoje é diferente: o mercado mudou com as plataformas, com a HBO e a internacionalização. Agora o que fazemos pode ser visto no mundo inteiro. 

Quanto aos colegas mais experientes, adorava ter tido mais cenas com eles porque, no fundo, claro que há os flashbacks e tenho cenas com eles, mas a maior parte das cenas mais intensas foram da Sara Matos.

Mas gostei imenso de trabalhar com toda a gente. Foi uma experiência incrível. Eu adoro a mudança e conhecer pessoas novas. Sou bastante extrovertida nesse sentido e, por isso, acabo por me sentir muito cheia de coração e de alma quando trabalho com pessoas novas, descubro interações diferentes e aprendo sempre coisas novas com pessoas distintas.

SAPO: Estavas a falar da evolução do mercado, tanto em Portugal como no resto do mundo. Sentes que, cá em Portugal, a forma de criar projetos, de realizar e de trabalhar também tem acompanhado essa evolução do mercado?

Daniela Ruah: Evoluiu muito. Uma telenovela, como “Jardins Proibidos”, é feita a pensar no público português, com personagens que refletem a nossa cultura. Já as séries e filmes para plataformas têm outra estética e ritmo. Mesmo assim, as novelas também evoluíram porque o público passou a exigir mais, fruto da internacionalização. Acho que estamos a acompanhar essa exigência.

SAPO: O que tens visto recentemente, em Portugal e fora?

Daniela Ruah: Vejo muita coisa na HBO Max: “Mare of Easttown”, “True Detective”, “Sharp Objects”. E, claro, “Friends”. Fiquei muito feliz quando a HBO Max adquiriu os direitos. Vejo quase todos os dias antes de dormir porque me deixa positiva.

SAPO: Se pudesses escolher uma personagem de “Friends” para interpretar, qual seria?

Daniela Ruah: Acho que a Rachel. Mas gosto de todos. Até já vejo “Friends” com os meus filhos — embora o meu marido diga que não é apropriado para a idade deles. Mas eles adoram e já conhecem todas as personagens. Foi engraçado quando vimos “Ant-Man”, com o Paul Rudd, e eu lhes expliquei que ele acaba por casar com a Phoebe em “Friends”. Eles fazem essas ligações todas.

SAPO: Este papel surgiu numa altura certa. E para o futuro, já tens mais projetos para breve?

Daniela Ruah: A curto prazo, sobretudo realização. Tenho projetos meus em desenvolvimento e estou muito feliz com isso. Mas demora anos a concretizar, a conseguir financiamento, o timing certo, os atores disponíveis. O cinema é assim. O Leonel demorou pelo menos dois anos a desenvolver “O Grito”. É um processo longo. Além disso, também sou mãe e quero dedicar-me aos meus filhos. Mas sim, tenho várias coisas em andamento.

SAPO: Muito bem. Por agora ficamos a ver “O Grito”. Obrigado por esta conversa, Daniela.

Daniela Ruah: Obrigada eu. Estou curiosa para saber o que vão achar até ao fim.

Fonte: Lifestyle Sapo

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