
CUF: Transformar a saúde com inovação e proximidade
A CUF tem vindo a reinventar a forma como presta cuidados de saúde, combinando tecnologia, novos modelos de acompanhamento e proximidade às populações.
Ao assinalar oito décadas de actividade, a CUF revisita o caminho percorrido desde a sua fundação até à posição de maior operador privado de saúde em Portugal. Em entrevista à Executive Digest, Marta Martins, directora de Inovação e Novos Cuidados e Soluções, explica como a instituição concilia tradição e inovação, apostando em tecnologia, cuidados digitais e proximidade às populações, enquanto prepara o futuro do sector da saúde no País.
Ao celebrar 80 anos de história, como olha a CUF para o papel que desempenhou na transformação do sector da saúde em Portugal?
A CUF olha para os seus 80 anos de história com um enorme orgulho no papel transformador que desempenhou no sector da saúde em Portugal. Nestes 80 anos, a CUF passou de um projecto criado para cuidar dos colaboradores da Companhia União Fabril para se tornar o maior operador privado de saúde em Portugal. Esse percurso foi sempre guiado pelo respeito pela dignidade e bem-estar da pessoa, pela humanização dos cuidados e pela aposta na excelência clínica e na inovação. Contribuímos para transformar a saúde em Portugal através da criação de novos modelos de prestação de cuidados, do investimento em tecnologia e da proximidade às comunidades, mantendo sempre como prioridade a confiança das pessoas que nos escolhem.
Quais foram os principais marcos de evolução da CUF que hoje ajudam a projectar o futuro da marca?
A abertura do Hospital CUF Infante Santo em 1945 constitui o início da nossa história.
Em 2001, com a inauguração do Hospital CUF Descobertas, iniciámos o desenvolvimento de um verdadeiro projecto de rede para conseguir chegar a cada vez mais portugueses. Para além disso, este Hospital foi um marco na organização dos serviços privados de saúde, com a aposta em equipas clínicas dedicadas e diferenciadas.
Desde então, a CUF tem procurado expandir a sua rede para uma verdadeira cobertura nacional. Destaco neste propósito a abertura em 2010 do Hospital CUF Porto e em 2020 o novo Hospital CUF Tejo.
Mas, para além de uma rede física de cuidados de saúde, a CUF sempre procurou inovar na forma como os cuidados são prestados. Assim, constituem também marcos relevantes: a criação do primeiro Serviço Privado de Hospitalização Domiciliária do País, em 2020, e também, no mesmo ano, a criação da Clínica CUF Digital para agregar a oferta da CUF via canal remoto.
Já este ano, a CUF lançou 13 centros de saúde na Grande Lisboa que reforçam a aposta na prevenção e na proximidade às populações que servem.
Estes passos, aliados à aposta na investigação clínica, à inovação tecnológica e ao desenvolvimento de novas formas de gestão, preparam-nos para o futuro.
A CUF tem vindo a crescer através da abertura de novas unidades e da diversificação da oferta. Quais são as áreas estratégicas que mais vão marcar este crescimento nos próximos anos?
Continuaremos um caminho de proximidade às populações com a já anunciada construção de novos hospitais em Braga, Leiria, Covilhã e Barreiro. Paralelamente, continuaremos focados na diferenciação da oferta de cuidados para garantir um acompanhamento completo ao longo de toda a vida, desde os cuidados primários e de prevenção até aos tratamentos de maior complexidade. Complementaremos o reforço da proximidade às populações através de novos modelos de cuidados de saúde, como os cuidados domiciliários, e do fortalecimento das plataformas digitais com o intuito de expandir os cuidados para fora das paredes dos Hospitais, Clínicas e Centros de Saúde. Finalmente, a CUF mantém um forte investimento em investigação e ensino para assegurar a qualidade e inovação dos seus serviços.
A gestão na saúde enfrenta desafios cada vez mais complexos. Que novos modelos de gestão estão a ser adoptados pela CUF para responder às necessidades actuais?
Temos uma forte aposta na digitalização e em novos modelos de prestação, como os cuidados domiciliários, o que nos permite oferecer uma resposta mais flexível e centrada no doente. O futuro passará, cada vez mais, pela operacionalização de pathways clínicas (jornadas de patologia) que combinam interacções dentro e fora do Hospital para levar os cuidados à hora certa e pelo canal certo aos seus clientes.
Desde 1980, com a introdução da primeira TAC, a CUF tem acompanhado a inovação tecnológica na saúde, como a robótica cirúrgica ou a telemedicina. Que impacto têm estas evoluções na qualidade dos cuidados prestados?
Estas tecnologias têm permitido diagnósticos mais rápidos e precisos, cirurgias menos invasivas, maior segurança clínica e recuperações mais rápidas. A cirurgia robótica, por exemplo, já está presente em vários hospitais CUF e tem elevado o padrão da prática médica em Portugal. A telemedicina e as soluções digitais também aproximaram os cuidados das famílias, garantindo acesso, comodidade e continuidade clínica.
A Inteligência Artificial (IA) já está a ser aplicada em áreas como a mamografia ou o diagnóstico de fracturas. Que outras aplicações tecnológicas estão em desenvolvimento na CUF?
A IA é uma das áreas de inovação mais promissoras e já estamos a integrá-la em diversas frentes para otimizar processos e apoiar a decisão clínica. Para além do apoio ao diagnóstico em mamografia, que aumenta a probabilidade de detecção precoce do cancro da mama em 99,9%, e da interpretação de raio-X de trauma e tórax que aumenta a deteção de fracturas e outras patologias, ou ainda a assistente virtual Clara que faz automaticamente uma chamada telefónica de seguimento aos doentes submetidos a cirurgia de ambulatório. Temos no nosso pipeline de inovação um conjunto de aplicações a serem analisadas como ferramentas que fazem o resumo automático da consulta, libertando tempo ao médico para maior interacção com o doente, algoritmos de apoio ao diagnóstico na área da Dermatologia, e também estamos a analisar ferramentas para automatização de tarefas não clínicas.
A integração da IA nos sistemas clínicos está a abrir caminho para uma medicina cada vez mais personalizada ao doente e não à doença.
Como é que a CUF concilia a tradição de 80 anos com a necessidade de se reinventar constantemente para o futuro?
Fazemo-lo conjugando o legado da confiança, proximidade e humanização com uma aposta contínua na inovação. Mantemos a vitalidade de quem está a começar, sem perder a experiência acumulada ao longo de oito décadas.
A chave está em conjugar a longevidade com a vitalidade. A nossa história resulta da acumulação de conhecimento, experiência e valores, transmitidos entre sucessivas gerações de profissionais. Ao mesmo tempo, acolhemos a energia e as novas ideias daqueles que se juntam a nós, que nos desafiam e nos renovam.
A tradição não é um obstáculo, mas sim a base sólida sobre a qual construímos a inovação. Mantemos o compromisso com a humanização dos cuidados e o respeito pela dignidade da pessoa, valores que estiveram na nossa origem, e aplicamo-los aos desafios modernos, seja através da adopção de novas tecnologias ou da criação de novos modelos de cuidado.
Que papel têm os novos negócios – como serviços digitais, cuidados domiciliários ou medicina preventiva – na estratégia de longo prazo da CUF?
Estas novas soluções são fundamentais para garantir que a CUF está presente em todas as fases da vida, dentro e fora das suas unidades de saúde. Queremos oferecer soluções mais convenientes, acessíveis e centradas no doente: desde consultas digitais e acompanhamento remoto até programas de prevenção e saúde ocupacional. Representam não apenas diversificação, mas também a resposta às necessidades de uma sociedade que exige proximidade, flexibilidade e sustentabilidade.
De que forma a inovação tecnológica pode ser um aliado dos profissionais de saúde, ajudando-os a concentrar-se no que mais valor acrescenta, contribuindo para uma melhor experiência global dos utentes?
A tecnologia é um instrumento de apoio, nunca de substituição. Com automação e sistemas inteligentes, libertamos os profissionais de tarefas administrativas ou repetitivas, permitindo-lhes dedicar mais tempo ao contacto humano e ao cuidado personalizado. Isso melhora a experiência de quem trabalha na CUF e aumenta a qualidade percebida pelos doentes, que valorizam não só a excelência técnica, mas também a relação próxima e humana.
Que importância têm as parcerias com startups ou outras entidades no futuro da inovação em saúde na CUF?
Acreditamos que a inovação nasce também da colaboração. Por isso, temos parcerias com universidades, centros de investigação, fundações e startups, que trazem novas ideias e soluções tecnológicas. Exemplos são os projectos conjuntos na área da oncologia, da literacia em saúde ou da optimização logística. Estas parcerias permitem acelerar a inovação, escalar soluções e gerar impacto real na prática clínica e na experiência dos doentes.
A saúde é cada vez mais integrada e multidisciplinar. Como é que a CUF garante uma visão holística e coordenada do cuidado ao doente?
Na CUF, qualquer doente que acede a uma unidade de saúde tem acesso à excelência de toda a rede. Trabalhamos em equipas multidisciplinares, integrando médicos de família, médicos especialistas, psicólogos, enfermeiros e outros profissionais. Através de sistemas clínicos integrados e do acompanhamento digital, asseguramos a continuidade de cuidados ao longo de todo o percurso do doente, da prevenção ao tratamento e à reabilitação.
Como é que a CUF está a integrar soluções digitais, IA e novos modelos de negócio para construir uma gestão hospitalar orientada para o doente?
A integração de soluções digitais, IA e novos modelos de prestação de cuidados de saúde está no centro da estratégia da CUF para uma gestão hospitalar mais sustentável e orientada para o doente. Ferramentas como a app My CUF e os cuidados domiciliários reforçam a proximidade e conveniência, enquanto projectos de IA, como a Assistente Virtual Clara libertam os profissionais de tarefas repetitivas e melhoram simultaneamente a qualidade dos cuidados, a experiência dos doentes e o bem-estar das equipas. Estamos a trabalhar activamente na criação de verdadeiras jornadas híbridas de saúde, que conjugam a potencialidade dos novos algoritmos e do canal remoto com a necessidade de cuidados nas nossas unidades CUF. Assim conseguimos modular o nível de cuidados de forma eficiente e conveniente para os nossos doentes, alcançando os melhores outcomes clínicos.
Olhando para o futuro, quais são as grandes ambições da CUF para a saúde em Portugal?
Queremos continuar a ser uma referência em excelência clínica, inovação e humanização, estando cada vez mais próximos das pessoas. A nossa ambição é honrar o nosso passado, transformar o presente e continuar a construir o futuro da saúde em Portugal, sempre guiados pelo nosso propósito: “Pela vida, com humanidade e excelência”.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “O Futuro e a Gestão na Saúde”, publicado na edição de Setembro (n.º 234) da Executive Digest.