
Cancro digestivo provoca 30 mortes por dia e até 2045 o número vai aumentar 30%
“Infelizmente, os dados são cada vez mais negros. Este ano, foram divulgados os dados de 2022, são terríveis: 18 mil casos novos de cancro digestivo por ano em Portugal que provocaram 11 mil mortos. Morrem 30 pessoas por dia”.
O alerta é de Vítor Neves, presidente da Europacolon, organização sem fins lucrativos que se dedica, há 19 anos, a ajudar doentes e família com vários serviços que passam por consultas, acompanhamento, contactos para desbloquear problemas e linhas telefónicas de apoio em diversas especialidades clínicas.
“Tem havido um crescimento gradual e progressivo de casos de ano para a ano. A previsão da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da Global Cancer para 2045, em Portugal, estimam um crescimento de 23,3% na incidência e 30% na mortalidade e isto é aterrador. Surpreende-nos que em Portugal se olhe para estes números como se de nada se passasse”.
À classe política, decisora, a organização aponta falta de vontade em investir na prevenção, tendo em conta que não acredita que exista desconhecimento sobre uma matéria há tantos anos falada e cujos números revelam bem uma problemática que tem de ser combatida.
A Europacolon garante que os rastreios ao cancro do intestino e gástrico têm vantagens grandes para a população e para o Estado, sobretudo o colo rectal.
Portugal sem rastreio populacional
“Há um rastreio que está aprovado na europa de base populacional que devia estar perfeitamente implementado em Portugal há muitos anos e os decisores em saúde vivem bem com esta abstenção e, digo mesmo, desprezo que fazem em relação a este assunto. Fico pasmo como é que os decisores conseguem viver com esta realidade sem fazer nada”.
Casos entre jovens aumentam
Os últimos dados das autoridades nacionais revelam que há um número equilibrado de casos entre homens e mulheres, que há um crescimento anormal de situações na zona norte, mas há outra novidade: o cancro jovem.
“Antigamente as estatísticas do cancro do intestino eram a partir dos 50 anos, hoje, abaixo dos 50 anos aumentou 80%, chegam pessoas mais novas a partir dos 30, 40 anos e começam a aparecer em maior número, cresceram 80% e com estádios da doença mais avançados”.
À Renascença, Vítor Neves diz que os rastreios deviam ser feitos a gente mais nova. “Devia levar a descida da idade, como fizeram na mama, dos 50 para os 45 anos o rastreio obrigatório. As unidades de cuidados de saúde primários, que são porta de entrada para SNS, têm de ter outros meios, com médicos com mais tempo para valorizar sintomas e prescreverem mais rastreios.”
A prevenção, considera, traria poupança: “O rastreio traz um custo/beneficio enorme, é um rastreio muito barato e vai poupar milhões de euros ao Estado porque os doentes que forem detetados cedo não vão aparecer com a doença já evoluída a exigir mais empenho financeiro para resolver o seu caso.”
Dando o exemplo da Holanda, que é líder na adesão ao rastreio – cerca de 70% da população – o especialista afirma que “Portugal continua a ser dos piores países na europa relativamente à implementação do rastreio do cancro colo retal”.
Consciência social é fundamental
Vítor Neves deixa um apelo: “Pessoas que estejam na faixa etária a partir dos 45 anos, e não tenham tido oportunidade do médico lhes prescrever rastreio, exijam-no e se tiverem dificuldade podem falar com Europacolon, não o deixem de fazer! Porque nós, pessoas individuais, também temos responsabilidade social.”
Neste Dia Mundial do Cancro Gástrico, a Europacolon considera que a reflexão que deve ser feita por todos é clara: “Prefere fazer uma colonoscopia, e uma preparação dessa colonoscopia que está cada vez mais facilitada, ou prefere fazer uma cirurgia e várias sessões de quimioterapia e radioterapia, com todo o sofrimento adjacente a uma situação de cancro? Penso que ninguém terá dúvidas na escolha.”
A Europacolon tem até hoje nas ruas um peditório nacional para recolher verba que a permita continuar a acompanhar doentes e famílias deste tipo de cancro. Na rua, por MBWay ou transferência https://www.europacolon.pt/donations, todos os contributos valem para a IPSS continuar a trabalhar .
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