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Epilepsia: o investimento estratégico que a Europa precisa para saúde cerebral e crescimento social

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Um novo relatório europeu destaca a urgência de investir na saúde cerebral, com foco na epilepsia, defendendo políticas integradas, combate ao estigma e estratégias de inclusão para responder aos desafios sociais, económicos e de saúde pública.

A saúde cerebral está no centro do debate estratégico europeu, segundo o relatório “Brain Health in Uncertain Times: A Strategic Investment for Europe’s Future”, divulgado em julho de 2025 pelo grupo TEHA em parceria com a Angelini Pharma. O documento posiciona a epilepsia como uma prioridade de saúde pública, salientando o seu impacto profundo não só na vida de mais de 6 milhões de europeus afetados, mas também nos sistemas de saúde, na economia e na coesão social.

A Europa enfrenta atualmente um contexto de instabilidade geopolítica, escassez de medicamentos e desafios económicos que fragilizam os sistemas de saúde e expõem vulnerabilidades estruturais. O relatório sublinha que a saúde, e em particular a saúde cerebral, deve ser encarada como um pilar de resiliência e estabilidade social, sendo o investimento nesta área uma estratégia fundamental para o futuro do continente.

A epilepsia, uma das doenças neurológicas crónicas mais prevalentes, afeta cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, com 6 a 8 por cada 1.000 habitantes na Europa. Apesar de existirem tratamentos eficazes, persistem lacunas significativas no acesso ao diagnóstico, terapêutica e acompanhamento, sobretudo em populações vulneráveis como crianças, idosos e residentes em zonas rurais. Estima-se que 40% dos europeus com epilepsia não recebem cuidados adequados, número que atinge 90% em áreas subatendidas.

O impacto socioeconómico da epilepsia é expressivo: o custo anual na UE-27 e Reino Unido situa-se entre 41,1 e 49,2 mil milhões de euros, equivalente a 0,24% do PIB conjunto. Destes, 41% correspondem a custos diretos (internamentos, consultas, medicamentos) e 59% a custos indiretos, como perda de produtividade, desemprego, reformas antecipadas e apoio informal de cuidadores. A subutilização de terapias inovadoras, a escassez de especialistas e as desigualdades regionais agravam este cenário.

O relatório destaca ainda o peso do estigma e da discriminação, que limitam o acesso ao emprego, à educação, à mobilidade e à participação social. Um em cada quatro doentes sente-se “extremamente isolado”, e a taxa de emprego entre pessoas com epilepsia é significativamente inferior à da população geral (49-58% vs. 77,5%). A ocultação da doença no local de trabalho é frequente, motivada pelo receio de discriminação, o que compromete a segurança e perpetua o desconhecimento.

Para inverter esta realidade, o documento propõe uma abordagem integrada, centrada em quatro pilares: prevenção, diagnóstico precoce, inovação terapêutica e empoderamento do doente. Investir em estratégias de prevenção (como cuidados perinatais e prevenção do AVC), fechar o “gap” de tratamento e integrar o apoio psicológico pode gerar um retorno económico entre 1,5 e 1,9 euros por cada euro investido, ao reduzir custos de saúde e aumentar a produtividade.

O relatório apresenta exemplos de boas práticas europeias, como o pagamento de apoio à autonomia no Reino Unido (Personal Independence Payment), a integração de enfermeiros especialistas em epilepsia, planos nacionais de saúde cerebral (Finlândia, Alemanha, Espanha) e campanhas de sensibilização que demonstraram eficácia na redução do estigma.

Apesar dos avanços, apenas quatro países europeus possuem atualmente planos nacionais de saúde cerebral alinhados com o Intersectoral Global Action Plan on Epilepsy and Other Neurological Disorders (IGAP) da OMS. O relatório apela a uma ação coordenada da União Europeia, com financiamento dedicado, integração da epilepsia nas estratégias de doenças não transmissíveis, reforço da prevenção, expansão do acesso a terapias inovadoras e promoção da inclusão social e laboral.

A mensagem central é clara: investir na saúde cerebral e na epilepsia é investir no futuro da Europa, promovendo sociedades mais saudáveis, resilientes e inclusivas.

PR/HN

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